Poema Depois de ler o Auto da Compadecida

O1

Eu vou contar uma história

Que aconteceu no sertão,

A história de dois “cabra”,

Pense em dois “cabra enrolão”?

Era Chicó e João Grilo

Aprontando de montão.

02

Esses homens não paravam

De arrumar confusão,

Aprontaram com o padre,

Com o bispo e o sermão.

Para João Grilo e Chicó,

Não tinha remédio, não.

03

“Engabelaram” o padeiro

E pior, foi “Vicentão”,

Que foi passado pra trás,

Mesmo sendo “valentão”,

Nas unhas dos trapaceiros,

Perdia até Lampião.

04

João grilo sempre queria

A todo mundo enganar,

Levando em Banho-Maria

Pra ver onde ia chegar,

Mas ele bem que sabia

Que a mentira ia acabar.

05

Chicó não ficava atrás

Na arte de cabra ruim

Inventava muita história

Pra compor seu folhetim

Depois dizia: “Não sei.

Eu só sei que foi assim.”

06

Dorinha, com toda astúcia,

Enganava seu marido

Que era o padeiro Eurico,

O qual não era sabido,

Só sabia fazer pão,

Sem saber que era traído.

07

Já Padre João, enterrou

Uma cachorra em Latim,

Pensando que o Major

Queria que fosse assim,

Com a história de um testamento

Que acabou muito ruim.

08

Imaginem que venderam

Um gato velho “fuleiro”

Inventando uma conversa

Que ele botava dinheiro

E que as moedas saiam

No escapamento traseiro.

09

Até um tal Severino,

Um matador sem perdão,

Cangaceiro destemido

Das quebradas do Sertão

Se “abestalhou” com Chicó

E com seu amigo João.

10

Mas todos foram Reféns

Na trama do “bandoleiro”,

Que enfileirou na parede,

As santidades, primeiro,

Nessa hora até Dorinha

Teve o perdão do padeiro.

11

A história é recheada

De trambique e traição,

Cada pessoa fazendo

Alguma corrupção

E a esperteza casando

Com a manipulação.

12

No julgamento Final

Todo mundo virou réu

Mas veio a Compadecida

E estendeu seu santo véu

Com a intercessão de João Grilo

Todos foram para o céu.

13

Baseado no Folclore

E em “Causos” irreais

O Auto da compadecida

É parecido demais

Com as coisas do Brasil

Dos momentos atuais.

14

Também, em linhas gerais,

Mostra a manipulação,

A astúcia e os acordos

Dos homens de posição,

Pela visão do autor

Com toda sua isenção.

15

Nascido em Taperoá

Ele foi a baraúna

Da cultura nordestina

Na qual esta obra é una

Um salve ao saudoso mestre

Ariano Suassuna.

Produção Coletiva dos Estudantes do EJA IV da Escola Municipal Ana Melo.

Disciplina: Língua Portuguesa

Coordenação e Supervisão: Professor Fábio Luiz

Gestora: Claudete Almeida

Afogados da Ingazeira – PE, 14 de agosto de 2019.