O Autodidata
Na noite serena, coberto de estrelas,
Ainda cansado do campo, da lida,
Nas páginas velhas, à luz de umas velas,
Do mundo distante, vou lendo essa vida.
Daqui do meu rancho tão calmo e sereno,
Conheço seus casos, prazeres e dores.
Ensinam-me tudo do mundo pequeno
Meus doces amigos, fiéis professores.
Eu saio em viagem por eras antigas,
Mergulho pasmado também no presente;
No triste passado sei bem das intrigas
E no nosso tempo, do homem carente.
Eu sei das conquistas, das guerras banais,
Do Deus que protege, dos deuses antigos;
De acordos formados, de quebra de paz;
Ensinam-me tudo meus doces amigos.
Não quero na vida senão a palavra
Contida nos livros, jornais e revistas,
A enxada pesada na terra, que lavra,
Cantar com as rimas as minhas conquistas.
Meu campo florido, meus livros tão belos,
Meu Deus adorado - meu doce destino -
Eis quanto consolo no peito tê-los!
Com eles aprendo, com eles ensino.
Eduardo Persa