O Autodidata

Na noite serena, coberto de estrelas,

Ainda cansado do campo, da lida,

Nas páginas velhas, à luz de umas velas,

Do mundo distante, vou lendo essa vida.

Daqui do meu rancho tão calmo e sereno,

Conheço seus casos, prazeres e dores.

Ensinam-me tudo do mundo pequeno

Meus doces amigos, fiéis professores.

Eu saio em viagem por eras antigas,

Mergulho pasmado também no presente;

No triste passado sei bem das intrigas

E no nosso tempo, do homem carente.

Eu sei das conquistas, das guerras banais,

Do Deus que protege, dos deuses antigos;

De acordos formados, de quebra de paz;

Ensinam-me tudo meus doces amigos.

Não quero na vida senão a palavra

Contida nos livros, jornais e revistas,

A enxada pesada na terra, que lavra,

Cantar com as rimas as minhas conquistas.

Meu campo florido, meus livros tão belos,

Meu Deus adorado - meu doce destino -

Eis quanto consolo no peito tê-los!

Com eles aprendo, com eles ensino.

Eduardo Persa

Rogério Freitas
Enviado por Rogério Freitas em 07/05/2021
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