Destinos traçados

Destinos traçados

Pobre do coleirinha

Aquela avezinha

Tão pequenininha

Mas de cantar estridente,

Estava um dia na mata

Na sua vidinha pacata

Cantando pra sua amada

Lá na galha o inocente.

Quando de repente

Chegava ali certa gente

Que naquele ambiente

Foi armando um alçapão,

Dentro uma coleirinha

A pular com suas perninhas

No pau de uma gaiolinha

Cantando uma canção.

Atraído pela melodia

Tentou lhe levar alegria

Vendo aquela agonia

Que dizia o seu cantar,

Então no alçapão desceu

Pra salvar o amor seu

Numa varinha que cedeu

Eli viu a porta fechar.

Ficou então o coleirinha

A dar bicadas de agonia

Sangue no bico corria

Para a talisca quebrar,

Querendo salvar a sua amada

Naquela gaiola malvada

A sua liberdade estava

Restrita num só lugar.

Pra longe foi levado

Pelo bandido malvado

Seu habitat foi mudado

Triste foi a separação,

Enquanto que a coleirinha

Foi levada presa e sozinha

E no prego de uma cozinha

Cantava uma triste canção.

Do outro lado sem enxergar

O coleira estava a cantar

Tentando até imitar

Aquela triste canção,

Respondendo com agonia

Na sua troca de melodia

Até parece que dizia

Estou triste nesta prisão.

Sem poder mais voar

Um aqui o outro lá

Até parece que no cantar

Eles estavam combinando,

Não podemos mais cantar

Eu morro aqui neste lugar

Só fui preso por te amar

Por isso estou suicidando.

No outro dia então

Na gaiola e no alçapão

Não ouvia mais a canção

Só dois corpos estirados,

Corpos de dois passarinhos

Apartados e sozinhos

Muito longe de seus ninhos

Com seus destinos traçados.

sabiadamata
Enviado por sabiadamata em 05/11/2007
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