A VILA DE PONTA NEGRA
SENDO CANTADA EM CORDEL
 
A vila de Ponta Negra
Ou Vila dos Pescadores
Junto a mais cinco conjuntos
Dão tema para escritores
Amantes da poesia,
Que em versos histórias cria,
Fazerem a si louvores.
 
Os Conjuntos: Ponta Negra,
Natal Sul e Alagamar,
Também o Orla Marítima,
Vêm aqui representar,
Com mar calmo e Céu azul,
Parte da Região Sul.
Zona Sul! Posso afirmar.
 
A história do Município
De Natal consigo traz
O surgimento da Vila
E o que seu povo faz
A “Vila dos Pescadores”
Diz quem foi seus fundadores
Há muitos anos atrás.
 
Mesmo o território sendo
A maior parte rural,
Viviam da pescaria
Quase que no seu total.
A agricultura seria,
Com o artesanato, via
De renda ali do local.

Foi no século Dezessete
Que se deu a ocupação       
Com a presença holandesa
Aqui no nosso torrão.
Até o Século Vinte
Sem mudança, sem requinte,
Viveu cada cidadão.
 
Hoje o espaço é urbano
Em toda a sua extensão,
Ou quase. Fato ocorrido
Devido à aparição
Do turismo. Atividade
Que aumentou, na verdade,
Com a urbanização.
 
Pavimentam-se avenidas,
Ajardinam-se os canteiros,
Pra conquistar os turistas
Nominados de estrangeiros,

E o PRODETUR[i] investe
Com programas que reveste
De gana os interesseiros.
 
O bairro de Ponta Negra,
E a Vila que também tem
O mesmo nome, passaram
A ser visados também
Como fonte de riqueza.
Aí, com toda certeza,
Os investimentos vêm.
 
O interesse econômico;
O empreendedorismo:
Seja no imobiliário,
No comércio, no turismo;
Lazer, lucratividade;
Pousadas, hotéis, herdade...
Provocando o nativismo.
 
É que as famílias nativas
Foram sendo segregadas
Só nas áreas periféricas,
Sendo impossibilitadas
Pelas suas condições
Financeiras, a ascensões,
Sentindo-se humilhadas.
 
Mas ao mesmo tempo migram
Devido à necessidade
De moradia e trabalho
Próximo da localidade
Que seja ele temporário
Ou fixo, de modo vário.
É a nova realidade.
 
Já não dá para viver
Somente da agricultura,
E da pesca, pois o espaço,
De uma forma muito dura
Pela construção civil,
Parecendo um ato vil,
É tomado. Não tem cura!
 
Então como alternativas
Muitas vezes informais
Ou autônomas, os homens,
E ainda mesmo casais,
Vão trabalhar de caseiros
Por vezes para estrangeiros
Que são os que pagam mais.
 
Vendedores ambulantes;
Em barracas atendendo
Aos veranistas da terra
E a quem vai aparecendo
De fora. Seja: ao turista,
Que cresce a perder de vista!
Sempre ao comércio aquecendo.
 
Tem início a competição
Com a atividade pesqueira
E de coleta que eram,
Como se diz:  “De primeira!”
Aquelas que originaram
A Vila e a sustentaram
Junto à produção rendeira.
 
Além do mais o turismo,
De forma desordenada      
Na Vila de Ponta Negra,
Vem deixar prejudicada
A sua população,
Gente de bom coração
Mas que ficou revoltada.
 
Na praia houve um aumento
Grande na poluição;
Aumentou a violência
E a prostituição
Em que os adolescentes,
Jovens e inconsequentes,
São as vítimas em questão.
 
Nós sabemos que devemos
Preservar a identidade
Cultural de um município
Ou de uma comunidade,
Bem como as populações
Com as suas tradições.
Isto é fato. Isto é verdade.
 
Prevenir e combater
A tudo que fizer mal
À dignidade humana,
Ao turismo sexual,...
E elevar às alturas
Nossas diversas culturas
De uma forma especial!
 
Está lá no Artigo 5º
Da Lei que rege o Turismo
Nos Itens IX e X,
Não é só um aforismo!
E se você duvidar
É buscar, é pesquisar...
Pois não sou de analogismo.
 

 

ROSA REGIS
 
Natal/RN – outubro de 2016
Revisado em novembro de 2020.
 
[i] PRODETUR-NE I – Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste