O TEATRO DA CPI
O TEATRO DA CPI
Miguezim de Princesa
I
Renam Calheiros, que estava
Sumido na hierarquia,
Com 43 processos
Na boca da autarquia,
Botou a venta de fora
Por dentro da pandemia.
II
Na CPI da Covid,
Ele foi logo avisando:
- Eu já fui um “pegador”,
Passei a vida pecando,
Mas de agora em diante,
Vocês só me veem rezando.
III
- Eu nunca matei ninguém,
Nunca arrombei cofre forte,
Transportei gado sem ferro,
Desde o Sul até o Norte,
E agora assumo a Cruzada
Contra a agenda da morte!
IV
- Juro ser imparcial,
No Senado não há tolo,
Meu filho é governador
E, se ele entrar no bolo,
Aí a gente conversa
Pra tirar ele do rolo.
V
Aí Flávio Bolsonaro,
Nessa mesma ocasião,
Disse que o tal de Pacheco
Tinha feito traição:
- Acho que essa CPI
Provoca aglomeração!
VI
- Não, não provoca não –
Disse outro, se abanando.
- Essa Covid só pega
Em quem está labutando.
Labutou, o vírus pega
E sai com a gota, matando.
VII
- Mas olha quem está falando,
Esse é um negacionista! –
Protestou um senador
Da ala mais “vermelhista”.
- Sai daí, vírus da China! –
Gritou um bolsonarista.
VIII
Acusaram Bolsonaro
De não comprar a vacina,
Porém a acusadora
Foi chamada de “cretina”:
- E tu, que “ficasse” boa
Tomando ivermectina?
IX
- Isso é remédio de verme,
Seja nos EUA ou na China! –
Retrucou, Randolfe, irado,
Feito o raio da silibrina.
- Randolfe – rebateu Flávio –
Sempre tomou cloroquina.
X
- Foi pra não pegar malária,
Na borracha da madeira! –
Respondeu o senador,
Outro disse: - É brincadeira!
Isso aqui é um palanque
De uma via eleitoreira!
XI
Enquanto eles se engalfinham,
Fingem que estão debatendo,
Se agarrando, se furando,
Se arranhando, se mordendo,
Muita gente passa fome
E muitos seguem morrendo...