Leprosário Brasil
Escoando, sigo o fluxo
Não sei se da consciência
O coração percutindo
Em uma estranha cadência
Brasil jamais foi nação
Diz o crânio em deprimência
Na guerra das bactérias
Mataram o povo nativo
Com mais de mil etnias
Um ou outro restou vivo
Sífilis, bexiga e gripe
Nesse massacre massivo
Eliminou nosso índio
Que viveu a pandemia
Do vil colonizador
Infecciosa sangria
O primeiro genocídio
Que aqui ocorreria
Minando o sistema imune
Alastrando a endemia
Branco chacinou o índio
Do Rio Grande à Bahia
E o que restasse vivo
Metralhado ele morria
Depois vieram os escravos
Já no navio negreiro
Era grande a mortandade
Por esse horror brasileiro
De sarampo, gripe e fome
Em processo carniceiro
Enfermo sobrevivente
Era jogado ao mar
Chegando em terra firme
Por não se adaptar
Ao sistema escravocrata
Era grande seu penar
Genocídio por torturas
Tiros, decapitações
Estupros e homicídios
Mortes pelas privações
Escravos subjugados
Em cruéis humilhações
Agora o Coronavírus
Invadiu a possessão
Aqui chamada Brasil
Em grande tribulação
Eis que o Messias da Morte
Se arvorou Capitão
De uma massa devota
Mistura de fanatismo
Com ignorância densa
Tolo é seu catecismo
Negando todo saber
Em teimoso ceticismo
Certo é que a “gripezinha”
Já matou 300 mil
O país empobreceu
Sob as ordens de um imbecil
O mundo só quer distância
Do leprosário Brasil