A NOVA SAGA DE LULU VAQUEIRO EM CORDEL! (UMA HOMENAGEM AO IMORTAL LUIZ GONZAGA)
Ao som de Lulu Vaqueiro...

Prepare teu coração...
Na disparada que eu vou contar...
Como és lindo o luar desse sertão!
Cabra, vosmecê vai se arrupiar!

Me chamava Lulu Vaqueiro...
Vim da terra de romaria...
Lugar pedregoso e arteiro!
Minha luta foi sombria!

Na roça labutava todo o dia...
Era moleque tristonho que de nada sabia...
No meu cariri a morte eu via chegar!
E tbm a dança dos carcará!

Meu pai era um coitado...
Minha mãe desesperança...
Ele bebia como um farrapo!
E ela orava como uma santa!

Um dia, o álcool levou meu pai...
E eu mi madre choramos juntos...
Na dor que vem e se esvai!
Numa vida maldita que desconjuramos!

O tempo passa e não perdoa...
Quem espera, nem sempre alcança...
O destino da matre leoa!
Se uniu a morte em tenra aliança!

Sozinho e de mãos atadas...
Visto minhas pobres alpargatas...
E deixo meu cariri!
Por um sonho que ainda nem vivi!

O diabo me atenta...
E o suicídio me atormenta...
Mas, sou cabra macho!
E não arredo esse tacho, diacho!

Os anos foram se passando...
E eu fui aprendendo a montar e a galopar...
Nas vaquejadas do sertão insano!
Ninguém podia mais me parar!

Certo dia de sol e lua...
Conheci uma menina...
De beleza poética e nua!
Em seus olhos de ressaca, entreguei minha sina!

Seu nome era Gabriela...
Também era da cor do cravo e da canela...

Gabriela era uma flor do sertão...
E eu louco de paixão...
Se tornara cego de ironia!
Pelo coração negro que a menina esmera ainda possuía!

Num dia feliz de quermesse...
Fiz um juramento...
Para meu Padim Padi Ciço fiz uma prece!
Jurei que Gabriela seria minha em casamento!

Não teve festança nem alegria...
Gabriela aceitou meu convite com sua alma fria...
Na verdade ela me enganou!
E meu coração envenenou!

Nós "era" pobre, mas trabalhador...
Eu montava e capinava...
E Gabriela cozinhava e da casa cuidava!
Me enganava sem dor!

Mas naqueles tempos de sertão bravio...
O cangaço era o fel e a justiça ida...
Lampião era o verdadeiro cangaceiro à fio!
Mas tinhas uns que nada valia!

Naquela manhã fui capinà...
E nem vi os cangaceiro chegá...
Gabriela estava deitada e sozinha!
E seu destino de falsa boazinha!
Agora iria desatá!

O cangaceiro lá em casa entrou...
E Gabriela ele tomou...
A maldita para ele se entregou!
E na verdade, bem que ela gostou e gozou!

O roçado não era longe de casa...
Tiros ao longe ouvi em disparada...
Minha amada Gabriela agora jazia!
Ensanguentada e violentada estava estendida!
Em nossa cama que agora era seu caixão...
No enterro de uma alma que foi ao chão...

Como onça braba saí correndo aos pinotes...
E nunca mais esqueci...
Da eterna cena que vivi...
Minha amada em seus sonhos de morte!

Ao lado de seu corpo desnudo...
Jazia um bilhete mudo...
Que selaria pra sempre minha sorte!
O maldita ainda zombava de minha consorte!

A carta maldita dizia...
Que Gabriela sempre me traía...
E que naquele dia afoito!
Depois de incontável coito!
O cangaceiro decidiu mata-la...
Pois se nem seu marido a cunhã não respeitava...
A morte esta desgraçada concubina...
Merecia esse destino de rapariga...

Com lagrimas terminava...
De ler meu testamento...
E o cão cangaceiro me zombava no final!
Me chamando de corno do carroçal!

Na volante fui me alistar..
Em batalhas lutei e matei..
Mas nunca descansei!
Era aquele tratante que eu queria esfolar!

Numa luta no Piauí!
A carnificina foi geral!
Cangaceiro e macaco!
A morte foi igual!

Poucos sobreviveram...
Eu e mais alguns...
Tinham presos que viram!
Cangaceiros correndo aos anuns!

Depois de muita luta ainda...
Cangaceiros nos prendemos...
E loucos de ira na berlinda!
Um deles gritou a frase dos horrendos!

Ele disse que ao fugir...
Outra donzela iria seduzir...
Mulher de Macaco!
E estupro e mato!

Ao ouvir este infame imundo...
Gritei aos 4 ventos...
Fostes tu profano jumento!
Que acabastes com meu casamento?

Então o cabra confessou...
Que há dois anos em Pernambuco...
Uma rapariga ele matou!
Pois um filho nela ele deixou!

Eu não pensei duas vezes em meu ato...
Sangrei o maldito empurrando até o cabo...
Da garganta descendo ao rabo...
O sangue estrebuchou na trigueira da vereda!
E eu sorri e chorei as mazelas da certeza!

Agora que consegui minha vingança...
Apanhei uma corda e fui ter com a morte uma dança...
Para minha alma descansar!
E com Gabriela me reencontrar!


 
Eddy Vomit
Enviado por Eddy Vomit em 09/04/2021
Reeditado em 09/04/2021
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