CAMINHOS DE UMA CAMPONESA
Em contação de histórias
Pelas estradas do sertão
Marcadas em memórias
Guardadas no coração
Percorrendo longas trajetórias
Versejando a emoção
Contava história suavemente
Lia religiosamente a FOLHINHA
Falava da mãe carinhosamente
Na carroça andava com Senhorinha
Pedidos com prece humildemente
Orava com fervor a Salve Rainha
Caminhos da camponesa Toinha
Doces oferecidos de uma doceira
Honrado por sua companhia
Ouvia que vendeu cajuzinhos na feira
Agradecia o amanhecer de cada dia
E a missão de benzedeira
Colhia as flores do campo
Colocava num jarro na mesa
Falava com singelo encanto
Simplicidade e imensa nobreza
Respeitando cada recanto
E as obras da natureza
Num celeiro de mulheres lutadoras
Sua mãe e irmãs ao longo dos tempos
Mostravam com desenvoltura
A dignidade como maior argumento
Eram camponesas e agricultoras
Filha e netas de Ana do Sacramento
Parábolas e os textos que lia
Tinha a bíblia como referência
No ler de cada FOLHINHA
Preces e orações eram influência
As histórias contadas com alegria
No expressar de sua vivência
Como pássaros em sinfonia
No campo ao amanhecer
Tendo a natureza como poesia
E as estrelas do céu para enaltecer
Singelos fragmentos de Toinha
Versejados com imenso prazer
OBSERVAÇÃO:
A pintura é do artista plástico mineiro Rui de Paula.