Cinquentão do Nordeste.
Sei que todo cinquentão
parido em chão nordestino
no seu tempo de menino
já fez muita travessura.
Mijou em cima de sapo
já pisou em formigueiro
já grito um tempo inteiro
o seu, cai cai tanajura.
já escorregou na lama,
jogou pedra em passarinho
já sentou meio tristinho
depois duma boa piaba.
Ou depois que furou o pé
em toco escondidinho
la no quintal do vizinho
roubando cana ou goiaba.
ascendeu cachimbo pra a avó
mas tirou uma tragada
dormuiu de barriga inchada
por que comeu milho quente.
arrastou lodo no rio
bebeu agua de lagoa
já escondeu na taboa
pra ouvir fuxico de gente.
montou em jegue de bruacas
foi à missa de ano em ano
Com a única roupa de pano
Que foi do irmão que engordou
Lá na casa de farinha
que mais parecia festa
cabo de rodo na testa
com certeza já levou.
Buscou xicara de açucar
ou mesmo pó de café
já trouxe sal na colher
lá da vizinha emprestado
Buscou agua de barril
já andou no cassuá
comeu carne de preá
e sarue muquiado.
já andou de bicicleta
por dentro da roda central
já fez cavalo de pau
e foi chamado jeitoso.
comeu torresmo com farinha,
ovo frito com andu
e já sarou dum calundu
Com galho de fedegoso.
Valdir Prudencio.