POR MUITA COISA QUE FIZ DA INFÂNCIA SINTO SAUDADE

Joguei bola na calçada

Furei o pé no espinheiro

Baguncei no galinheiro

No poste escondi mijada.

No mato dei minha andada.

Doido xinguei à vontade.

Sapo chutei, sem maldade.

Ensinei canto a concriz.

POR MUITA COISA QUE FIZ

DA INFÂNCIA SINTO SAUDADE.

Amarrei lata em jumento.

Aperriei mentiroso.

Soltei peido mal cheiroso.

Gostei de ver xingamento.

Fabriquei um catavento.

Puxei batina de frade.

Me pendurei numa grade

Pra ver um preso infeliz.

POR MUITA COISA QUE FIZ

DA INFÂNCIA SINTO SAUDADE

Joguei bola na calçada

Furei o pé no espinheiro

Baguncei no galinheiro

No poste escondi mijada.

No mato dei minha andada.

Doido xinguei à vontade.

Sapo chutei, sem maldade.

Ensinei canto a concriz.

POR MUITA COISA QUE FIZ

DA INFÂNCIA SINTO SAUDADE.

Joguei pedra em lagartixa.

Pus laço em pé de calango.

Fiz cara de orangotango.

Corri com a bexiga lixa.

Bode peguei na barbicha.

Ao riso dei liberdade.

Fingi falar a verdade.

Falei o nome que quis.

POR MUITA COISA QUE FIZ

DA INFÂNCIA SINTO SAUDADE

Joguei bola na calçada

Furei o pé no espinheiro

Baguncei no galinheiro

No poste escondi mijada.

No mato dei minha andada.

Doido xinguei à vontade.

Sapo chutei, sem maldade.

Ensinei canto a concriz.

POR MUITA COISA QUE FIZ

DA INFÂNCIA SINTO SAUDADE.

Chamei moço de apelido.

Pronunciei palavrão.

Quebrei a mão de pilão.

Neguei ouvir tendo ouvido.

Tive atrás de boi corrido.

Esbanjei felicidade.

Espalhei a novidade.

Joguei no colega um giz.

POR MUITA COISA QUE FIZ

DA INFÂNCIA SINTO SAUDADE

Joguei bola na calçada

Furei o pé no espinheiro

Baguncei no galinheiro

No poste escondi mijada.

No mato dei minha andada.

Doido xinguei à vontade.

Sapo chutei, sem maldade.

Ensinei canto a concriz.

POR MUITA COISA QUE FIZ

DA INFÂNCIA SINTO SAUDADE.

Manguei da velha beata.

Conversei durante a missa.

Não levantei por preguiça.

De um galão furei a lata.

Me escondi de alguém na mata.

Fiz vez de Marquês de. Sade.

Quis saber da velha a idade.

De truque fui aprendiz.

POR MUITA COISA QUE FIZ

DA INFÂNCIA SINTO SAUDADE

Joguei bola na calçada

Furei o pé no espinheiro

Baguncei no galinheiro

No poste escondi mijada.

No mato dei minha andada.

Doido xinguei à vontade.

Sapo chutei, sem maldade.

Ensinei canto a concriz.

POR MUITA COISA QUE FIZ

DA INFÂNCIA SINTO SAUDADE.

Fugi pra banho no açude.

Comi pinha sem ser minha.

Interrompi ladainha.

Quebrei a bola de gude.

Colei caderno com grude.

Borrei minha atividade.

Brinquei de imoralidade.

Caí quebrando o nariz.

POR MUITA COISA QUE FIZ

DA INFÂNCIA SINTO SAUDADE

Joguei bola na calçada

Furei o pé no espinheiro

Baguncei no galinheiro

No poste escondi mijada.

No mato dei minha andada.

Doido xinguei à vontade.

Sapo chutei, sem maldade.

Ensinei canto a concriz.

POR MUITA COISA QUE FIZ

DA INFÂNCIA SINTO SAUDADE.

Gritei atrás de palhaço.

Já disse: "arrocha negrada".

Com lata fiz batucada.

Sonhei que estava no espaço.

Gastei o que era escasso.

Perdi pontualidade.

Assisti desigualdade.

Anseei por meretriz.

POR MUITA COISA QUE FIZ

DA INFÂNCIA SINTO SAUDADE

Joguei bola na calçada

Furei o pé no espinheiro

Baguncei no galinheiro

No poste escondi mijada.

No mato dei minha andada.

Doido xinguei à vontade.

Sapo chutei, sem maldade.

Ensinei canto a concriz.

POR MUITA COISA QUE FIZ

DA INFÂNCIA SINTO SAUDADE.

Levei carreira de vaca.

De bode levei marrada.

Passei chuva na latada.

Chamei tolo de babaca.

Dei muita pedrada em placa.

Fiz réstia de claridade.

Andei do campo à cidade.

De onça escapei por um triz.

POR MUITA COISA QUE FIZ

DA INFÂNCIA SINTO SAUDADE

Joguei bola na calçada

Furei o pé no espinheiro

Baguncei no galinheiro

No poste escondi mijada.

No mato dei minha andada.

Doido xinguei à vontade.

Sapo chutei, sem maldade.

Ensinei canto a concriz.

POR MUITA COISA QUE FIZ

DA INFÂNCIA SINTO SAUDADE.

Pintei na camisa o emblema

Do time do coração.

Joguei jogo de botão.

Vi muito filme em cinema.

Já fiz parte de um problema.

Vi fim sem finalidade.

Nomeei pluralidade.

Rezei ao santo de Assis.

POR MUITA COISA QUE FIZ

DA INFÂNCIA SINTO SAUDADE

Joguei bola na calçada

Furei o pé no espinheiro

Baguncei no galinheiro

No poste escondi mijada.

No mato dei minha andada.

Doido xinguei à vontade.

Sapo chutei, sem maldade.

Ensinei canto a concriz.

POR MUITA COISA QUE FIZ

DA INFÂNCIA SINTO SAUDADE.

Tomei banho na biqueira.

Brinquei de Mandrake e tica.

No relancim eu dei dica.

Atirei de baladeira.

Joguei pedra na mangueira

Pra ter manga em quantidade.

Tive curiosidade

Sobre o beijo de uma atriz.

POR MUITA COISA QUE FIZ

DA INFÂNCIA SINTO SAUDADE

Joguei bola na calçada

Furei o pé no espinheiro

Baguncei no galinheiro

No poste escondi mijada.

No mato dei minha andada.

Doido xinguei à vontade.

Sapo chutei, sem maldade.

Ensinei canto a concriz.

POR MUITA COISA QUE FIZ

DA INFÂNCIA SINTO SAUDADE.

Tranquei colega por fora

Só pra ver o aperreio.

Em alvo acertei no meio.

Senti o cheiro da flora.

Lembrei do tempo de outrora.

Estudei antiguidade.

Vi causa em casualidade.

Aprendi que há Brasis.

POR MUITA COISA QUE FIZ

DA INFÂNCIA SINTO SAUDADE

Joguei bola na calçada

Furei o pé no espinheiro

Baguncei no galinheiro

No poste escondi mijada.

No mato dei minha andada.

Doido xinguei à vontade.

Sapo chutei, sem maldade.

Ensinei canto a concriz.

POR MUITA COISA QUE FIZ

DA INFÂNCIA SINTO SAUDADE.

Vagalume à noite vi.

Andei pela escuridão.

Assei milho no tição.

Doce de leite comi.

Numa esteira já dormi.

Vesti com simplicidade.

Vivi na ruralidade.

Do bem bom já pedi bis.

POR MUITA COISA QUE FIZ

DA INFÂNCIA SINTO SAUDADE

Joguei bola na calçada

Furei o pé no espinheiro

Baguncei no galinheiro

No poste escondi mijada.

No mato dei minha andada.

Doido xinguei à vontade.

Sapo chutei, sem maldade.

Ensinei canto a concriz.

POR MUITA COISA QUE FIZ

DA INFÂNCIA SINTO SAUDADE.