SUPRESAS... SURPRESAS !
OBS: estava eu à procura de TEXTOS ANTIGOS de minha lavra -- sobre a Capoeira DE BELÉM -- quando localizei essa raridade, produzida na verdade em 1988/89, para um concurso literário feito pelo CENTUR, que incluía CORDEL, o que evidentemente esse "sopão de letras" nunca foi ! DIVIRTAM-SE com o que sobrou das 21 "ESTROFES" dessa "coisa!
****************
A seguir, trechos do desarvorado "cordel" -- que virou "cinzas' em meados de 2009, junto com 8 ou 10 cadernos de poemas meus -- sobre as agruras de se conseguir uma casa própria e o inferno que segue para mantê-la:
I I I
Chamado por amigo cá do norte
que inistiu co'o cara um ano inteiro
um sujeito largou o Rio de Janeiro
onde tinha um barraco de bom porte
e mais praia, bom samba, muito esporte.
Chegou tomando chuva de verdade
desde que poz os pés nesta Cidade.
Assustou-se já na Rodoviária
quando um cara com cara ordinária
lhe arrancou a bagagem com vontade.
I V
Disparou o homem com ela pr'um carro
parado quase lá no fim da fila
e a galera da frente intranquila
imprensou o turista noutro carro.
-- "Mocinho, você está tirando sarro
com "motora" de táxi tarimbado.
A gente 'tá contigo muito irritado!
Tire a mala daquele indecente,
bote ela no carro lá da frente
se não vais sair daqui embolachado"!
V
O carioca achou tudo muito estranho
mas pensou: "cada terra tem seu 'stilo".
Foi falar com o cara sobre aquilo
sem saber da confusão o tamanho.
O "motora" vacilou... (e se eu apanho!)
Devolveu sua mala sem problema.
Assim terminou este dilema!
Seguiu no carro até a redondeza
para a casa do amigo (que beleza!),
a mansão parecia de cinema.
V I
O "barão" o recebeu bem constrangido.
Logo botou o amigo "no batente"
junto com um pedreiro competente
prá trocar o ladrilho envelhecido.
O carioca quedou estarrecido
porque o outro era quase um irmão
e agora parecia (essa não!)
o Diabo disfarçado em gente boa.
Virara um ricaço bem à toa,
pão-duro, prepotente, espertalhão.
V I I
O amigo rico só pensava em dinheiro
e comprou um sítio no interior.
Era mato, cobra e muito calor,
areal, escorpião e formigueiro.
Lá não tinha sequer um fogareiro
e nem mesmo um barraco prá morar.
Fazendeiro "benquisto" no lugar
deu pro outro barraca só de lona,
além de lamparina de mamona
e uma latas para o alimentar.
"NATO" AZEVEDO · Ananindeua, PA
10/12/2007 17:27