OS PINGUÇOS DO BAR DE PENHA

Era muito conhecido um bar

Em pacata cidade do Nordeste

Apesar de ter pouca freqüência

E também não ter concorrência

Naquele pobre lugar do Agreste

Tranqüilo por ninguém perturbar

Dona Penha era a sua proprietária

Mulher de vigor e muita coragem

Falava grosso e tinha muita raça

O principal produto era cachaça

E com ela não tinha fuleragem

Porém não era boba e nem otária

Muitos pinguços eram clientes

Nesse bar o dia todo ficavam

Zé Buchudo era o mais falastrão

Gostava mais de tomar alcatrão

Com toda despesa eles arcavam

Uns bem calmos, outros salientes

Com Penha tinha conversa não

Sair sem pagar nem querendo

O Tonho certa vez ele tentou

Mas Afrânio lhe representou

Para ele não ficar ali devendo

Pagou então por essa sua ação

Na mesa deles a conversa era só

Mulher, futebol, política e religião

Vez ou outra alguém alterava

Ela de imediato se apresentava

Penha resolvia logo a confusão

Rapidamente ela desatava o nó

Os bebuns chegavam logo cedo

O café da manhã era a pinga

Alguns eram até mal vestidos

Com barba e cabelos compridos

Tinha um que exalava catinga

Mas nenhum deles metia medo

Um deles era bem respeitado

Todos por ele tinham obediência

Zé Buchudo quando ele falava

O resto da turma logo se calava

Senão cumpria uma abstinência

Era mesmo um fato inusitado

Afrânio era o mais bombado

Tinha logo duas aposentadorias

Ali mesmo o almoço era servido

E depois de todos terem comido

Voltava a bebedeira com cantorias

Tudo praticamente combinado

Os pinguços do bar de Penha

Eram bem calmos e ordeiros

Era bem controlada a algazarra

Sentiam-se bem com essa farra

Só tinham fama de cachaceiros

Mas essa turma era uma resenha

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 09/03/2021
Reeditado em 10/03/2021
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