União
Ha. morro
A viela
A chumbo
A favela
Polícia sobe morro
Pais e mães pedem socorro
Sabem quando polícia sobe morro
Desse um morto
Preto, branco a bala não procura cor.
Na favela é assim
Todos os santos dias
Tem tiroteio, bala perdida.
Ônibus queimado
Tem gente que trabalha
Seu Jorge nego véio.
Mestre em capoeira
Com seu berimbau nas mãos
Começa tocar e cantar
Na capoeira sou rei
Na capoeira quero paz
A força quem me vem
São dos meus deuses
E dos meus ancestrais
Seu Jorge ensina a molecada da favela
Mostrando no gingado
Que pode tirá-los da boca de fumo
E da vida torta
Ser um trabalhador, gente de bem.
Nem tudo na favela
Está perdido
Como seu Jorge
Tem gente de ação
Gente valente
Dona Margarida
Baiana arretada
Preta véia com seu vestido rodado
Tem uma cantiga
Que ela canta assim
Escute numa boa
Escute numa boa
O som que sai do sovaco da crioula
O povo ta dizendo que esse som é da hora
Esse som é de primeira
Ela bate palma, ela rodopia, taca a mão no sovaco
É aquela gritaria
E o povo sai gritando
Escute numa boa
Escute numa boa
O som que sai do sovaco da crioula
As crianças ficam encantadas
Dão muitas risadas
Com dona Margarida
Nem tudo no morro
Para ela é brincadeira
Ensina as meninas a fazer acarajé
Cuscuz e a velha tapioca
Para não debandar para o que não presta
No morro, na favela.
Gente que não presta sobe
A procura de meninas para ser prostituta
Brancas, morenas, mulatas e negras.
Promete vida boa
Bastante dinheiro
Os olhos das meninas brilham
Pensando no conforto que poderão dar a sua família
Para seus clientes não importa a cor
Só precisa ser uma pequena flor
No morro tem mãe que chora
Por suas filhas ter sido levadas embora
Mais para eles que isso importa
Tem gente que gosta
O governo faz leis
Os políticos sobem morro
Fazem palanques nas favelas
Promete de tudo um pouco
Moradia, cotas nas escolas.
Cestas básicas entre outras promessas
E o povo acredita
Beija as crianças
No final vão embora
E o problema continua
Só se salva
A união que faz a força dos que mora
Na comunidade, no morro, na favela.
Um ajudando o outro
Do jeito que pode
Preto, branco.
Na hora que a barriga ronca
Um ajuda o outro do jeito que pode.
Sendo no berimbau ou na cantiga
No morro, na favela.
Só se salva a união da comunidade.
Salve as comunidades
PAULO PEREIRA
paulopereiradeoliveira79@gmail.com