TRAJEDIAS ANTIGAS
Naquele tempo era bom,
Ligar pelo orelhão,
ficava muito arretado,
Quando a ficha acabava,
Bem no meio da ligação.
Gostava de ouvir músicas,
Quer não dava pra esquecer,
Só pra me deixar arrasado,
A agulha aranhava,
A melhor música do LP.
Ia fazer um trabalho,
Com carinho e cuidado,
Para estressar o cabeção,
Chegava na última linha,
Datilografava errado.
Aquele texto ficava,
A pior coisa da vida,
Me decepcionava,
Não ter como consertar,
Por não ter fita corretiva.
Era grande a confusão,
Que me deixava infeliz,
porque nada funcionava,
Nem quando a gente soprava,
A fita do atari.
O locutor dava as horas,
Pra mim aquilo era estres,
Soltava uma vinheta,
No meio daquela música,
Que ia gravar na fita K7.
E até o toca fitas,
Parece que me marcava,
Era como uma tortura,
Bem naquela melhor musica,
A fita se mastigava.
O locutor muito louco,
Não via que o tempo passava,
Ia falando outras coisas,
Mais só não falava o nome,
Da música que terminava.
A gente nunca sabia,
Quem era aquele cantor,
Daquela música tão linda,
Que queria dedica-la,
Sempre a o grande amor.
Quando tomava um ônibus,
Muita gente bagunçava,
Começava uma agonia,
Era aquela gritaria,
Porque lá dentro alguem fumava.
Aconteceu muitas vezes,
A gente tinha que pagar,
A multa na locadora,
Por ter devolvido a fita,
Sempre sem rebobinar.
A garrafa de ki-suco,
Vasava dentro da lancheira,
Molhava o pão com patê,
E quando ia comer,
Estava aquela cebozeira.
Tirava as letras das músicas,
Tudo erradas em inglês,
Depois ia descobrindo,
No folhetinho da FISK,
Que cantava errado outra vez.
O pior já era tarde,
Tudo estava decorado,
Não tinha como mudar,
Eu ia continuar,
Pra sempre cantando errado.
Chegava na padaria,
Correndo no mesmo instante,
Ficava encabulado,
Porque tinha esquecido,
O casco do refrigerante.
Essas lembranças todinhas,
Faz a gente recordar,
O quanto nós éramos feliz,
Naquele tempo desastroso,
Que nunca mais vai voltar.
Autor: Orlando Santos
Em, 09/03/2021