CADERNETA DE FIADO
No meu tempo de menino eu lembro
Que dinheiro não era fácil assim
Meu pai tinha muita dificuldade
Para dar uma vida de qualidade
Aos meus irmãos e também a mim
Pois era da família principal membro
Tinha mês que ele não recebia
O salário atrasava vários meses
E a gente precisando de comida
Pela fome a barriga era vencida
Nem me lembro de quantas vezes
Manga com farinha a gente comia
Porém o dono de uma venda
Sabendo dessa triste situação
Pois a coisa estava ficando preta
Deu para meu pai uma caderneta
Praticando ele uma boa ação
Vendia fiado até o pai ter renda
Ninguém mais passou necessidade
O que precisava tinha na venda
Carne, arroz, feijão, ovos e farinha
Café, macarrão, fubá e sardinha
Nada faltava, uma coisa estupenda
Essa era nossa mais nova realidade
O comerciante sempre anotava
Na caderneta o que ele vendia
Bolacha, biscoito, sal e azeite
Criança não ficava sem o leite
O que faltava ele nos atendia
Muita alegria se apresentava
Com o tempo a gente superou
Mas já comemos muito marisco
Que toda tarde pegava no rio
Passamos fome e muito frio
Foi bom a gente virar o disco
O que era ruim o tempo apagou