CADERNETA DE FIADO

No meu tempo de menino eu lembro

Que dinheiro não era fácil assim

Meu pai tinha muita dificuldade

Para dar uma vida de qualidade

Aos meus irmãos e também a mim

Pois era da família principal membro

Tinha mês que ele não recebia

O salário atrasava vários meses

E a gente precisando de comida

Pela fome a barriga era vencida

Nem me lembro de quantas vezes

Manga com farinha a gente comia

Porém o dono de uma venda

Sabendo dessa triste situação

Pois a coisa estava ficando preta

Deu para meu pai uma caderneta

Praticando ele uma boa ação

Vendia fiado até o pai ter renda

Ninguém mais passou necessidade

O que precisava tinha na venda

Carne, arroz, feijão, ovos e farinha

Café, macarrão, fubá e sardinha

Nada faltava, uma coisa estupenda

Essa era nossa mais nova realidade

O comerciante sempre anotava

Na caderneta o que ele vendia

Bolacha, biscoito, sal e azeite

Criança não ficava sem o leite

O que faltava ele nos atendia

Muita alegria se apresentava

Com o tempo a gente superou

Mas já comemos muito marisco

Que toda tarde pegava no rio

Passamos fome e muito frio

Foi bom a gente virar o disco

O que era ruim o tempo apagou

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 09/03/2021
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