MARIAZINHA PERDEU O CABAÇO
O povo nordestino é muito faceiro
Pode crer, de besta não tem nada
É inteligente, porém sacrificado
Tem matuto que é invocado
Mas a sua atividade é pesada
E o importante é ganhar dinheiro
Entretanto tem os interesseiros
Que gostam de levar vantagem
E até zombam da vida alheia
É quando um cabra de peia
Acaba essa filha da putagem
Pondo prá correr esses fuleiros
Um desses camaradas sem noção
Achou de mexer com Mariazinha
Uma certa moça pobre da roça
Daqueles que a língua coça
E vive falando até da sua vizinha
Isso sem ter a mínima comoção
A menina era tida como decente
Seu trajeto era da roça prá casa
Os pais tinham o maior cuidado
Com esse seu tesouro adorado
Para que ela não criasse asa
E não se tornasse uma demente
Mas o contrário logo aconteceu
Mariazinha se engraçou de alguém
Que de compromisso não gostava
Um fato que seu pai protestava
Lhe dando trabalho seu único bem
Nela um fogo danado logo acendeu
Ninguém admitia moça falada
Era um costume do povo antigo
Não tinha um pai que gostasse
Que no ouvido alguém lhe falasse
Que sua honra estava em perigo
Podia sua filha ser desvirginada
Foi exatamente o que ocorreu
Com Mariazinha e o namorado
O pai se sentiu um palhaço
Sua filha perdeu o cabaço
O culpado aquele desaforado
Pois seu priquito ele comeu
Surgiu logo um comentário
Que o pai dela tentou abafar
Chamou ele para uma conversa
Disse sua atitude foi perversa
E dessa você não vai se safar
Vai casar e não diga o contrário
O homem não teve como fugir
E o casamento foi marcado
Foram compradas as alianças
Sem comprometer as finanças
Pois pelo pai dela foi cercado
Assim um marido deve agir