Iniciada

Clotilde, filha de Jó

Da casa de Efraim

Pediu a bênção a mainha

Quem respondeu foi paim

A culpa desse vacilo

Foi Barrabás e Caim

Clotilde desceu à rua

Foi comprar tecido branco

Uma fita de cetim

Um diadema, um tamanco

Meias brancas de algodão

Pra ver se tira o quebranto

Se benzeu na água pura

Das lagoas lá do mangue

Pôs a corda no pescoço

Disse adeus à velha gangue

Vestiu metade de uma blusa

Bebeu do bode o seu sangue

Jurou diante de todos

Ser fiel a sua missão

Almoçar depois dos homens

Mirar os olhos no chão

Aceitar a velha regra

Com total submissão

Hoje canta nos altares

Às noviças e novatos

Do evento, lava o chão

Do banquete lava os pratos

Tudo em nome da inocência

Do prestígio e do status.

Jó foi preto, foi cafuzo

Borrifado de água benta

Disse para o cramunhão:

Quero ver se tu me tenta

Eu já pus o seu retrato

No sal grosso e na pimenta.

Bosquim
Enviado por Bosquim em 21/02/2021
Reeditado em 21/02/2021
Código do texto: T7189749
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.