Iniciada
Clotilde, filha de Jó
Da casa de Efraim
Pediu a bênção a mainha
Quem respondeu foi paim
A culpa desse vacilo
Foi Barrabás e Caim
Clotilde desceu à rua
Foi comprar tecido branco
Uma fita de cetim
Um diadema, um tamanco
Meias brancas de algodão
Pra ver se tira o quebranto
Se benzeu na água pura
Das lagoas lá do mangue
Pôs a corda no pescoço
Disse adeus à velha gangue
Vestiu metade de uma blusa
Bebeu do bode o seu sangue
Jurou diante de todos
Ser fiel a sua missão
Almoçar depois dos homens
Mirar os olhos no chão
Aceitar a velha regra
Com total submissão
Hoje canta nos altares
Às noviças e novatos
Do evento, lava o chão
Do banquete lava os pratos
Tudo em nome da inocência
Do prestígio e do status.
Jó foi preto, foi cafuzo
Borrifado de água benta
Disse para o cramunhão:
Quero ver se tu me tenta
Eu já pus o seu retrato
No sal grosso e na pimenta.