O DIA EM QUE O DEPUTADO QUIS PEGAR OS MINISTROS DO SUPREMO
O DIA EM QUE O DEPUTADO QUIS PEGAR OS MINISTROS DO SUPREMO
Miguezim de Princesa
I
O deputado ficou
Com o juízo esquentado,
Queria fechar o Supremo
Com o cabo de um machado
E disse que o careca
Iria ser degolado.
II
Gravou um vídeo enraivado
De lá do Rio de Janeiro.
Foi na Serra de Petropólis,
Entre o frio e o aguaceiro,
Que o deputado bradou
Um pau de bater tempero.
III
Chamou Fachin de fraquinho,
Xingou Gilmar de beiçudo,
Disse que Tofolli de tanto
Beber se tornou papudo
E o ministro Morais
Era um homem cabeludo.
IV
- Aqui quem manda sou eu,
Já deixo o meu endereço,
Quem quiser venha me prender,
Não sabem da missa um terço
E é hoje que eu viro
O carnal pelo avesso!
V
Depois que o deputado
Fez todo esse carnaval,
Não caiu nenhuma bomba
No supremo tribunal,
Ele ganhou a visita
Da Polícia Federal.
VI
Chegou no IML,
Quis brigar com uma agente,
Quase que arranca o quepe
Da cabeça de um tenente
E dizia: “Sou deputado,
Ninguém é mais que a gente!”.
VII
Ele ficou deslumbrado,
Agitado e barulhento,
Pensou que a política era
Um muay thai violento,
Esqueceu que um deputado
É só um entre quinhentos.
VIII
Agora, contra o sistema,
Está preso e algemado,
Os próprios colegas tramam
Para deixá-lo isolado,
É porque quem deve teme,
Já diz o velho ditado.
IX
Dizem pelos corredores,
É capaz de ser cassado,
A mesa da Casa corre
Em um ritmo acelerado
Pra se livrar do incômodo
De abrigar o deputado.
X
E assim, depois que a Câmara,
Resolver a cassação,
Daniel pode pegar
Um cacete e um facão,
Um machado e uma peixeira,
E, nessa vida brasileira,
Chamar tudo de ladrão!