O CARNEIRO, O CACHORRO E O AÇOUGUEIRO

A Cena (real, em algum lugar na iternet)

--------

Um carneiro, já abtido, está pendurado pelo pescoço e pata direita numa viga externa de um aparente ranchinho, numa região varziana de uma cidade qualquer… A pele, parcialmente tirada na parte de cima do animal, cobre ainda o resto de seu corpo, dos membros superiores para baixo.

Um pequeno recipiente no chão, parecendo um latinha, coleta o sangue que escorria do pobre animal, de onde um cão vira-lata concentradamente se serve, como se fosse sua única refeição do dia.

À ponta da pele solta do carneiro, uma corda amarrada. A outra extremidade da corda, o açougueiro prende na traseira de uma moto, como que sobre o bagageiro.

Anunciando o evento que está por acontecer, o açougueiro sobe na moto, dá a partida e arranca por alguns metros, puxando por inteiro a pele do carneiro, que é arrastada pelo chão de terra empoeirado do lugar.

Nesse movimento, a animal morto balança para lá e para cá, como um pêndulo de antigos carrilhões, assustando o cão e, numa de suas badaladas, chutando-o para fora da cena, afastando-o de seu baquete, como que num último ato de vingança.

O açougueiro, no entanto, celebra jubilante por sua bem-sucedida engenhoca de estripar a pele do já sofrido carneiro… (Claro que, devidamente, usando máscara facial para prevenção contra a Covid-19).

——————————————————————————

Aí, o poeta Tiago Duarte escreveu assim…

Ficou sem couro o carneiro

E foi tirado ligeiro

Eu não sei quem viu primeiro

A ideia, nota dez

Sem ninguém pôr sua mão

Quem não gostou, foi o cão

Tava comendo a ração

Carneiro meteu seus pés!

E o poeta George Gimenes escreveu assim…

Ôxe, ninguém interveio

Neste triste aperreio,

Minha nota é menos meio

Para esse açougueiro;

O cachorro se assustou,

De banda saiu, pulou,

Mas quem mesmo não gostou

Foi o pobre do carneiro!

——————————————————————————