O CARNEIRO, O CACHORRO E O AÇOUGUEIRO
A Cena (real, em algum lugar na iternet)
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Um carneiro, já abtido, está pendurado pelo pescoço e pata direita numa viga externa de um aparente ranchinho, numa região varziana de uma cidade qualquer… A pele, parcialmente tirada na parte de cima do animal, cobre ainda o resto de seu corpo, dos membros superiores para baixo.
Um pequeno recipiente no chão, parecendo um latinha, coleta o sangue que escorria do pobre animal, de onde um cão vira-lata concentradamente se serve, como se fosse sua única refeição do dia.
À ponta da pele solta do carneiro, uma corda amarrada. A outra extremidade da corda, o açougueiro prende na traseira de uma moto, como que sobre o bagageiro.
Anunciando o evento que está por acontecer, o açougueiro sobe na moto, dá a partida e arranca por alguns metros, puxando por inteiro a pele do carneiro, que é arrastada pelo chão de terra empoeirado do lugar.
Nesse movimento, a animal morto balança para lá e para cá, como um pêndulo de antigos carrilhões, assustando o cão e, numa de suas badaladas, chutando-o para fora da cena, afastando-o de seu baquete, como que num último ato de vingança.
O açougueiro, no entanto, celebra jubilante por sua bem-sucedida engenhoca de estripar a pele do já sofrido carneiro… (Claro que, devidamente, usando máscara facial para prevenção contra a Covid-19).
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Aí, o poeta Tiago Duarte escreveu assim…
Ficou sem couro o carneiro
E foi tirado ligeiro
Eu não sei quem viu primeiro
A ideia, nota dez
Sem ninguém pôr sua mão
Quem não gostou, foi o cão
Tava comendo a ração
Carneiro meteu seus pés!
E o poeta George Gimenes escreveu assim…
Ôxe, ninguém interveio
Neste triste aperreio,
Minha nota é menos meio
Para esse açougueiro;
O cachorro se assustou,
De banda saiu, pulou,
Mas quem mesmo não gostou
Foi o pobre do carneiro!
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