PRISIONEIRO PASSARINHO
Nasceu livre pra viver em liberdade
E cantar e encantar por ser cantor,
Voejar com suas asas sem rotor,
O passarinho, até lhe advir maldade.
O seu canto é de um cantar encantador
Mas, no fundo esconde no canto tristeza,
Mesmo triste sabe exprimir beleza
Que encanta ao seu algoz espectador.
Sua mata era sua nobre realeza,
O seu ninho era assim o seu castelo
E aprisionado por ter o seu canto belo,
Foi a sina de encontrar a malvadeza.
Numa gaiola em um mundo paralelo
Pergunta-se de onde veio tal azar,
Sem voar e sem poder acasalar,
Qual pecado e o porquê de seu flagelo.
A saudade lhe remete ao seu lar
Ao lembrar-se de quando livre passarinho,
E agora, seu destino é ser sozinho
Relembrando quão sublime o seu alar.
Nem floresta, nem vento e nem seu ninho,
Olha ao alto e vê no céu a imensidão;
Só têm água e alpiste e a solidão,
Até o sol, quando lhe dão, é sol pouquinho.
Vê as nuvens surgirem na vastidão
Trazerem chuvas que vem e a terra molha,
Entristecido solta um canto, canta e olha,
Queria estar igual as nuvens na amplidão.
Ao ver uma pipa rebolar sua rabiola
Como estivesse desfilando num tapetão,
Ele recorda dos seus voos no seu “matão”,
Tal qual a pipa, queria voar sem ter gaiola.
Como feras quando enjauladas estão
E que tendo um tratamento atroz,
Como se fosse ele o bicho mais feroz
Tão enjaulado quanto as feras, então.
Da liberdade viu a nascente e não a foz,
O seu cantar é um grito a chamar visão
Pra o libertarem, tirarem de sua prisão,
Quiçá um dia alguém escute a sua voz.
FIM
Recebo a fantástica interação do nobre poeta Valdir Loureiro
PÁSSARO ENGAIOLADO E POETA DISPARADO
Texto longo que é bem-feito não me cansa;
isso inclui um passarinho na prisão,
um poeta que quer sua libertação,
não consegue, mas mantém essa esperança.
GSFreire, em seu poema, surge e avança...
parecendo não querer mais se calar...
E eu também achei por bem continuar
lendo a história do poeta sonhador
que espera o passarinho cantador
libertar-se e voar, cantando pelo ar.
Valdir Loureiro