ZÉ CALIXTO, O REI DO FOLE DOS 8 BAIXOS
Licença meu bem, licença
Pra Paraíba de Zé
Academia e Cordel
Carnaval, Folia e Fé
Fundação tem seu acervo
Na Casa de Seu José.
Na Festa de Arrasta Pé
A maleta vai se abrir
Olhe bem nesses meus versos
Todos querem competir
Quanto mais se tem um Zé
Mais estrada vai fluir.
O Jackson chegou aqui
Era José de batismo
Trouxe a música do Zé
Que caiu no populismo
Como tem Zé Paraíba
Nesta soma de algarismo.
Neste exibicionismo
Venho aqui me apresentar
Este Cordel Brasileiro
Queira logo se sentar
Aproveite este momento
Atenção vou começar.
Sertão que sabe cantar
Zé Calixto é saudado
Quando ele veio ao mundo
Logo mais foi consagrado
Dia 16 de julho
Daquele ano sagrado.
Agreste de céu nublado
Nasce tão nobre rebento
José Calixto da Silva
Neste acontecimento
No ano 1900
E 33 este evento.
Zé Calixto é talento
Músico e compositor
Paraibano de Campina
Artista de bom valor
No fole duma sanfona
Tanta gente já dançou.
No terreiro de Sinhô
Todos dançam pra valer
O Brasil tem Zé com força
Outros tantos pra nascer
Paraibano o que é
Faz da vida seu prazer.
E assim fui logo ver
Calixto puxar o fole
Foi tanta gente dançando
No forró do bole-bole
Até juízo pirou
Bem maneiro e também mole.
Zé Calixto não escapole
Foi gritando Zé Maria
Pedindo pro grande Mestre:
Toque logo a Escadaria
Do nobre Pedro Raimundo
Pra esquentar essa folia!
Nesse amor do dia a dia
Zé Calixto foi freguês
Escadaria, sucesso
Até pro povo chinês
LP - Fino da Roça
Pro pobre e pra burguês.
É tão bom ter altivez
De falar de novo insisto
Este campinense forte
Chamam ele Zé Calixto
Na maestria dos dedos
Tocou na terra do Cristo.
Este músico bem visto
Todo Brasil se rendeu
Foram tantas produções
A música enriqueceu
No fole dos 8 baixos
Só sucesso conheceu.
Zé Calixto já nasceu
Com o dom de sanfoneiro
No vigor dos oito anos
Feito um bom menino arteiro
Tocou forte o acordeom
Neste solo verdadeiro.
Quem toca é forrozeiro
É povo em ribeirinho
Calixto, seus dois irmãos
Bastinho e Luizinho
Meu Deus é muito fole
No cantar do passarinho.
Tocando brasileirinho
De forma bem elegante
Como artista popular
Seu perfil determinante
Zé Calixto, cidadão
Sacola de viajante.
Feito cabra de volante
Que passeia pelo mundo
Zé Calixto nos ensina
Naquele dom tão profundo
A sanfona tem mistérios
Que não dá para ir mais fundo.
Certa feita um vagabundo
Com instrumento bonito
Desafiou o nosso Zé
Formou-se logo um conflito
Zé Calixto não gostou
E lhe chamou de maldito.
Naquele lugar restrito
O cantador pragmático
Falando por outro Zé
Que foi ficando estático
Foram para o Zé Calixto
Gritando: - Tu és dramático!
Este sanfoneiro prático
Que foi virar o veneno
Zé Calixto no poder
Encantar até chileno
Discutindo os resultados
E ser artista sereno.
Zé Calixto fez terreno
No tocar de uma sanfona
Ritmo diversificado
Pra patrões e pra madona
De Campina pro Brasil
Companheira, sua dona.
Gente que se diz cafona
Critica tanto o forró
Zé Calixto teve ritmo
Nos 8 baixos deu um nó
Ensinou a povo sulista
A dançar, pra cair o pó.
Zé Calixto bem melhor
Exercendo a profissão
É Mestre e tem o saber
No Forró da Tradição
Já criou composições
Que falam do São João.
É milho da plantação
Que alimenta o nordestino
Anda por todo Brasil
Procurando o seu destino
Na boa gastronomia
Que provou Tonho Silvino.
Chamar artista, cretino
Nunca foi coisa normal
A sanfona quis provar
De forma bem natural
Zé Calixto tocador
Conhecido o maioral.
O seu som é espiral
Que invade toda esta esfera
Paraíba é celeiro
Nos raios da estratosfera
No real ou virtual
É Zé Calixto uma fera.
Campina Grande na espera
Acima o visionário
Brotando nomes ilustres
Arte de canto operário
Serafim e Genival
Enchendo o itinerário.
Neste fruto hereditário
Zé Calixto instrumentista
A Paraíba se curva
Pelo nome desse artista
A sanfona em suas mãos
Lhe tornou mais populista.
Do Nordeste pro Sulista
Viva a nossa Paraíba
O Zé Calixto, 8 baixos
Lembra um coco macaíba
Na Terra de tanto Zé
Zé de baixo, Zé de riba.
No Rio, em Mangaratiba
O povo se fez presente
Nordestinos fazem êxodo
Plantam a boa semente
Para vida cultural
Na trilha polivalente.
Artista tão bem valente
Mal de Alzheimer se planta
12 de Dezembro, o dia
2020, encanta
Nos degraus do infinito
Zé Calixto desencanta.
Com sua sanfona santa
Zé Calixto foi simbora
87 janeiros
Ao chegar sua hora
Nosso Rei dos 8 baixos
No céu hoje ele mora.