Baseado Em Afetos Reais
Guarulhos, 12 de Setembro, 2012
Eu estava lá e ví
Ví nascer o amor
Nem sei dizer o que senti
Invulnerado, cutilado
Desesperado e apaixonado
Só de olhar pra ti
Mathias
Verbo sem complento
Lar de luz e clareza
Desatando meus lamentos
Amor maior que a galáxia
Encheu a caixa torácica
Hemorragia de sentimentos
Eu não parava de sorrir
Até o vento eu abraçava
Meu corpo tornou-se diáfano
E minha alma até flutuava
Nada em ti era pouco
Tudo era friviôco
Tudo, tudo me acantava
Mas as melhores cenas da vida
Duraram só um ano e meio
Como ninguém é incólume
Logo a tempestade veio
Mamãe não resistiu
Fez-se estrela e partiu
Perdemos nosso seio
Adiante esse momento
Falhei todos os dias
Podia ter me atado a ti
Pra ajudar na travessia
Mas meu tosco coração
Sofrendo de inanição
Nem sabia o que fazia
A vida ficou opaca
A todo instante me culpo
Me afogo em silêncio
Me corroo em oculto
Fiz da vida incongruência
Fiz da alma dormência
E das pessoas, um vulto
Mas fugir pra onde, se tudo vive dentro
A culpa sempre te acha
E não da pra voltar a trás
Viver é desenhar sem borracha
E minha alma descolada
Vive hoje confinada
É a vida cobrando as taxas
Mas você e eu sabíamos
Estaríamos juntos no futuro
Só não tinha que ser assim
Não que seja prematuro
Mas vovó não tinha que ir
Ela tinha que estar aqui
Pactuando o nascituro
A vida joga na cara
Deu nem pra choramingar
Já veio logo me cobrando
O que eu tinha feito eles passarem
Foi aquele desespero
Fiz-me inteiro depaupêro
Vai levar, não vai levar?
Não vai levar!
Lágrimas não serão mais referência
Serei o melhor do mundo
Deus há de dar indulgência
Sofra, aceite, agradeça
Depois levante a cabeça
Pra não haver sucumbência
Findou-se toda tristeza
Seu sorrizo expande a paz
És tú a real realeza
Detentor das mudanças surreais
Nunca nos faltou sintonia
Seremos duo sinfonia
Baseado em afetos reais