SÚDITO DE UM POVO?
Sou a carência de clareza
Daquilo que, às vezes, falo
Nunca emprego a sutileza
Bem como nunca me calo
Eu estou sempre a divergir
Dos meus "colaboradores"
E em vez de eu convergir
Instilo alguns dissabores
Quero ser o ponto alto
De toda a constelação
E quando há sobressalto
Atropelo a ponderação
Já dei minhas caneladas
Nos lugares onde passei
Hoje dou muitas risadas
Do que acham que eu sei
Eu sou do jeito que sou
Tosco, rude ou falastrão
Mas eu sei para onde vou
Guiando a minha legião
Não preciso de holofotes
Só se forem a meu favor
Mas fico atento aos coiotes
Que tentam causar pavor
Ontem eu usava bodoque
Hoje o usam contra mim
Ainda que seja a reboque
Pretendo ficar até o fim
Quiçá, eu mude o jeito
De tratar os meus rivais
Sei que não sou perfeito
Muito menos algo a mais
Perdoem-me pela franqueza
Mas sempre fui desse jeito
Mesmo com toda a rudeza
Sinto-me um homem direito
Agradeço a quem me elegeu
Para essa tarefa indigesta
E já que este “cara” sou eu
Sinto-me o dono da festa
Querem me tirar na marra
Mas isso eu não vou deixar
Já que estou dentro da farra
Eu não posso me desleixar
Gosto muito do que eu faço
Mas nem todos o veem assim
E só causo algum embaraço
Quando tentam pisar em mim
Sou esse “cara” resiliente
Que não gosta de se dobrar
Mas se eu fosse “diferente”
Muitos estariam a me cobrar
Resta-me um pouco no poder
Se não houver impedimento
Contudo, o que tiver de ser
Que venha sem sofrimento
O povo não me elegeu a esmo
E nem deve estar arrependido
Eu continuo sendo eu mesmo
Inda que esteja meio perdido
Sinto-me súdito deste povo
Que outrora votou em mim
E se vier a confiar de novo
Brigarei por ele até o fim
Eu quero minha reeleição
Custe o preço que custar
E se não houver rejeição
Eu retornarei para lutar
Meu Brasil acima de tudo
Meu Deus acima de todos
E por ser um cara cascudo
Eu arrasto tudo com rodos
Jamais eu serei corrompido
Nem corromperei ninguém
Nunca me darei por vencido
Pai, Filho e Espírito Santo, Amém.