CHIFRE EXTINTO POR PROCURAÇÃO.

Dizem quem em nossa vida

para tudo há solução.

Um cara muito chifrudo,

pra perder tal condição,

resolveu tirar o chifre

por meio de procuração.

Quem pode faz leis, decretos,

outros dão procuração,

desta forma pra seus problemas

encontram a solução.

Assim pensando o sujeito

do chifre fez extração.

Se o papa aboliu o limbo

através de um decreto.

Lei aboliu o gerúndio,

de um modo bem correto.

Porque procuração não

livra de um desafeto?

O que passo agora a contar

é real. De fato aconteceu.

Quando um grande vagabundo

o próprio pai comprometeu,

através de procuração

o caso assim se sucedeu.

Eu que pensei ter visto

quase tudo nesse mundo

Mas um caso inusitado

de um sujeito vagabundo,

essa coisa bem tramada

só pode vir do submundo.

O sujeito da história

no primeiro casamento

levava bastante chifre

que só contava de cento.

Mesmo assim separação,

para ele foi sofrimento.

Depois teve uma amante,

por sinal era casada.

Dela também levou chifre,

foi a segunda chifrada.

Juntou-se com outra mulher:

aí era chifre e porrada.

É porém um grande pai

até filhos d´outros cria.

Cuidava sempre da casa

enquanto sua mulher fodia.

Se ela ia pra bebedeira,

só voltava no outro dia.

O pai daquele sujeito,

um viúvo aposentado,

a eles dava guarida:

à família do abestado.

Olhem: o sujeito nem era

com a tal mulher casado.

Cansado de tanto chifre

e vivendo de favor.

Juntos, ele e a mulher

causaram um dissabor;

coisa dos grandes bandidos.

De quem seria professor

Do pai dele conseguiram

uma ampla procuração,

que ao corno dava poder

em tudo meter a mão.

Gastar os seus vencimentos,

e requerer certidão.

Pai funcionário público;

o filho desempregado,

criando menino dos outros

em seu nome registrado.

Filho achou uma maneira

de ficar com ordenado.

Deu um golpe na praça

fez empréstimo e fez despesa.

Deixou o velho sem nada,

triste e sem auto-defesa,

por ter sido enganado

e ser pegue de surpresa.

Que além de ficar sem nada,

seu nome foi pro SERASA.

Não estando ainda contente,

a mulher dele ele casa

com o coitado do pai,

e só agora a coisa vaza.

De corno manso ele passou

fazer do próprio pai corno,

tirando de sua cabeça

botando na do pai o adorno.

Ao casar o pai, do chifre

do filho houve um estorno.

Agora toda a família,

com raiva da situação,

busca de toda maneira

cassar a procuração.

Anular o casamento;

devolver chifre pro irmão.

Que se for denunciando

pode ir para a prisão.

Ser pelos presos comido

se tornar um baitolão.

Uma bicha muito louca;

um tremendo dum chupão.

HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO

OUTUBRO/2007