AS PRESEPADAS DE ZÉ DE PENHA

Numa cidade pequena

No interior da Bahia

Tinha um cabra macho

Que dava esculhacho

Em quem lhe ofendia

De ninguém tinha pena

De um metro e setenta

Ele era muito robusto

E com fama de valente

Nem soldado ou tenente

Lhe dava algum susto

Isso já lhe contenta

Seu nome Zé de Penha

Bem conhecido por sinal

O marido dessa senhora

Que lhe defendia na hora

Até o capítulo final

Caso ninguém intervenha

Num certo dia o brabão

Se meteu numa resenha

No recanto de um bar

Quando ele foi urinar

O Zé desceu a lenha

No cara do balcão

A conta de uma lapada

O empregado do bar pediu

Que Zé pagasse adiantado

Era novato, tinha começado

O brabo então lhe agrediu

Dando-lhe uma bofetada

A esposa dona Penha

Certo dia foi ofendida

Quando Zé ficou sabendo

Ficou louco e tremendo

Como uma onça aturdida

E mais uma vez foi lenha

O cabra saiu machucado

De tanto que apanhou

Por ter dito a madame

Num momento de vexame

Que seu marido desfilou

Igual a um efeminado

Isso foi o suficiente

Para um cabra como Zé

Muito homem e macho

Inimigo de cambalacho

Dá-lhe um tiro no pé

Amansando o demente

Ai de quem falar mal

Ou chamar Zé de corno

Ladrão ou trapaceiro

Ele como cachaceiro

E com seu bafo morno

Se torna logo um rival

Outro dia numa praça

Em plena bebedeira

Zé de Penha gritou

E todo mundo escutou

Quem é falso a bandeira

Vai apanhar de graça

Apareceu então um gaiato

Que não se intimidou

Prá Zé mostrou a bunda

Numa atitude imunda

Dizendo a você eu dou

Se quiser de imediato

Zé de Penha se manifestou

Pois não gostava de veado

Pois seu fraco era ximbiu

Prá cima do cara partiu

Vermelho e bem chateado

A coisa então não prestou

Todo bebum saiu correndo

Inclusive o falso boiola

Foi mesa se arrebentando

E o pessoal ali gritando

Como um cancão na gaiola

Com o que tava acontecendo

Dona Penha então pediu

Para que o seu marido

Parasse de beber um pouco

Ele gritou até ficar rouco

E naquele tremendo alarido

Ele não aceitou, nem se iludiu

Ainda hoje bebe adoidado

Sem cair no meio da rua

Ou por alguém ser carregado

Toma sua cana sossegado

Da tarde ou em noite de lua

E o caso está luquidado

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 30/01/2021
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