O LOBISOMEM DA MEIA NOITE
Correu um boato danado
Que assanhou toda cidade
E causou grande reboliço
Quem largasse do serviço
Mesmo sendo autoridade
Tinha que estar preparado
Alguém disse ter visto
Um bicho feio correndo
Vindo em sua direção
Que mais parecia o cão
Era grande e horrendo
Aconteceu de imprevisto
Pela glória do nosso Deus
Essa pessoa escapuliu
E conseguiu se esconder
Ficando sem entender
Aquela coisa que viu
Com os dois olhos seus
O danado parecia miragem
Que vinha não sei de onde
E sempre na meia noite
Quem estava de pernoite
Nem esperava o bonde
Preferindo perder a viagem
Esse fato da triste aparição
Começava pelas onze e meia
E ia até quase uma da manhã
Me lembrando então Iansã
Gelando o sangue na veia
Desculpem minha indiscrição
De manhã grande alvoroço
Quando um corpo encontrado
Deixava o povo chorando
E um cristão perguntando
Nervoso porém concentrado
Por que sangrou o pescoço
Estava então confirmado
Que um lobisomem agia
Ali naquela pequena região
Sendo o primeiro ancião
Que ao bicho não reagia
Por não estar preparado
Depois teve muito mais morte
Alguns nem sequer acreditavam
Que ainda existia lobisomem
Essas cenas logo consomem
Aqueles que só duvidavam
Só esperando ter mais sorte
Antes da meia noite porém
Todo mundo tinha certeza
Que algo ruim iria acontecer
Melhor esperar amanhecer
Não ir contra a correnteza
E antever o que lhe convém