NO TEMPO DO CABAÇO

Eu era menino ainda lembro

A moça só casava virgem

Seus pais faziam questão

Assim era a sua gestão

Obedecendo a sua origem

Prá receber outro membro

Não se falava outro assunto

Num momento de alegria

Quando uma noiva ia casar

E prá festa se arrumar

Ela com sua sabedoria

Com a família alí bem junto

A jovem porém sabia

Tinha que ser moça prendada

Nunca ter tido uma relação

Porque senão a população

Dizia que era arrombada

Até a família lhe excluía

Tinha valor o cabaço

De uma menina de família

Não podia ter pecado

Dava a mãe o recado

Ficando então de vigília

E o pai torando aço

Esse dilema interessante

Da moça não poder copular

Por muito tempo se arrastou

Até pouco tempo se segurou

A donzela que queria ter lar

Mesmo com tesão incessante

A saia abaixo do joelho

Muito cuidado ao sentar

Prá não mostrar a calcinha

Nem dentro dela a belezinha

Só quando se apresentar

Ao marido esse lábio vermelho

Tinha cabra que até tentava

Com muito jeito e gosto

Pegar no peito da donzela

Mas a mãe lá da janela

Colocava as mãos no rosto

Ele logo se aquietava

E aquele mais atrevido

Que tentava coisa pior

Indo mais embaixo chegar

Êpa, aí nesse lugar

Mesmo sendo melhor

Esqueça, seu enxerido

Tinha moça sem vergonha

Que fazia bobice escondida

E o cabra levando vantagem

Naquela sua vadiagem

E aquela desentendida

Não temia chegar a cegonha

Metia-lhe a mão na calcinha

E ia bem ligeiro cheirando

Não tem bicho melhor que esse

Era coisa do seu interesse

A donzela sempre delirando

Sentindo prazer na cabacinha

Tinha moça esperta e faceira

Que enganava futuro marido

Já tinha dado o danado

Seu cabaço foi profanado

Mas esse seu preferido

Não sabia da desgraceira

Ia comer pão com banha

Pensando arrancar um cabaço

E de noite no entra e sai

Já imaginando ser pai

Nada sabia do embaraço

Prá ele a vida tava ganha

Eu por aqui vou ficando

Nada mais tenho a dizer

Agora mudou foi tudo

O homem se acha sortudo

Importante é dentro caber

Na perseguida ficar gozando

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 27/01/2021
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