JOÃO AGUARDENTEIRO

Esta história é interessante

Que no meu bairro se passou

Um homem baixo e troncudo

Tendo o peito bem cabeludo

De uma barraca se apossou

Dela seu pai foi o passante

Ele ainda era um rapaz

Nem namorada tinha

Quando o pai negociava

Ele ali sempre ajudava

Tirando a sua casquinha

Era pouco mas era de paz

Na barraca vendia de tudo

Feijão, farinha e fubá

Verdura, lingüiça e detergente

Saía mais a tal aguardente

Que no seu nome hoje está

Esse homem também barbudo

O seu nome era João

O mesmo nome do pai

Até que um dia Deus levou

Mas na barraca continuou

O lucro com ele não cai

Fiado ali não tem não

Trabalhava o dia inteiro

Vendendo bolo, ovos e xerém

Carne de charque e biscoito

Saía um, entrava dezoito

O que mais vendia porém

Era cachaça digo primeiro

Seu nome ficou famoso

E conhecido por forasteiro

A pinga era mais apreciada

Pelo cheiro era denunciada

Com ela João Aguardenteiro

Tinha um apurado numeroso

A mulher do comerciante

Aos domingos ia na missa

Era uma serva muito católica

A sua igreja era apostólica

De Jesus era submissa

E em Deus muito confiante

Mesmo assim falava o povo

Da esposa do Aguardenteiro

Do João alguém desconfiava

Que um par de chifres levava

Mas ele era firme e certeiro

Pro falador balançava o ovo

Era cachaça com tira gosto

Os bebuns tudo na porta

Tinha algazarra mas era sadia

Confusão nunca teve um dia

Nem tão pouco gente morta

Prá viajante era um posto

E vamos aqui terminando

Essa história engraçada

Que no meu bairro era novela

Uma pintura com aquarela

Que animava a moçada

Corre, o feijão tá queimando

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 27/01/2021
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