A CIDADE QUE NÃO PAROU, A MORTE POR ASFIXIA OU A TRAGÉDIA ANUNCIADA
POR JOEL MARINHO
 
Desde já deixo bem claro
Que não venho fazer crítica
Nem falar mal de ninguém
Tampouco fazer política
É apenas a realidade
Do que nós temos à vista.
 
A cidade de Manaus
Hoje sofre as consequências
De um povo que ligou
Bem pouco para a doença
Hoje clama em desespero
Pedindo a “deus” clemência.
 
Unido a isso também
A má administração
E ainda a suspeita
Da tal de corrupção
Criou um campo excelente
Para esse vírus do “cão”.
 
Líderes do nosso Brasil
Afirmando que era somente
Acreditar em Jesus
E deixar de ser descrente
Que tudo se resolveria
E a vida ia pra frente.
 
Que deixássemos de ser “maricas”
E encarasse o vírus como “macho”
Com esse discurso torpe
Tudo foi por água abaixo
A cloroquina era a solução
Caímos no “cambalacho”.
 
Autoridades locais
Com a mesma incompetência
Saíram na contra mão
Desobedecendo a ciência
Enquanto isso faziam
Muita “média” com a imprensa.
 
A vigilância sanitária
No mês de agosto falou
Reabriremos as escolas
O vírus já nos deixou
Todo mundo está seguro
Do aluno ao professor.
 
Eis agora a consequência
Ironia do “destino”?
A mesma que liberou
As escolas com os “meninos”
Tombou diante do vírus
Indo ao “mundo divino”.
 
“Teremos a segunda onda”.
Diziam especialistas
Manteremos a vigilância
E o povo fazia crítica
“Isso tudo é falcatrua”
Só “papo” de “comunistas”.
 
E veio a segunda onda
Um tsunami talvez
O governo em desespero
Perdendo a sensatez
Com tanta gente chegando
Aos hospitais de uma vez.
 
Da mesma série da compra
De um tal respirador
Na vinícola do “amigo”
Do “nobre” governador
Também acho que foi lá
Que oxigênio comprou.
 
Passou então morrer gente
No chamado “pulmão do mundo”
Só sendo uma ironia
Um pesadelo profundo
Por falta de oxigênio
Morria gente em segundos.
 
O governador “perdido”
Tentou fazer lockdawn
Os empresários nas ruas
Foram pra quebrar o “pau”
Criando aglomeração
E o vírus "passando o sal."*
 
Agora o choro é constante
E murmúrio desesperado
Todo mundo procurando
Para encontrar um culpado,
Mas ninguém quer assumir
E confessar seus pecados.
 
Nem é da nossa alçada 
Procurar um pra culpar
Porque em nossa visão
Tem culpa em todo lugar
Desde nós ao presidente
Quiseram ver pra pagar.
 
O presidente incita
E o povo obedece
Para não sermos “maricas”
De norte a sul, leste e oeste
E encararmos como machos
A esse vírus da peste.
 
O governador não sabe
Como administrar
Deixa faltar até o básico
Para depois reclamar
Enquanto isso o pobre
Morre em todo lugar.
 
O povo por sua vez
Até por ignorância
Não liga para doença
A tudo tem desconfiança
E com tantas fake News
Perde até a esperança.
 
Virou uma bomba relógio
Nosso querido Amazonas
Tantos fatores errados
Se transformou nessa zona
Vejam só o resultado
Provar não ser “maricona”.
 
Mas como falamos antes
Não vamos procurar culpados
A culpa é de todos nós
Que seguimos o caminho errado
E agora pagamos o pato
Por nosso cruel legado.
 
Peço às forças do bem
Que traga logo a solução
Uma vacina eficaz
Para nossa “salvação”
E mande para bem longe
A esse vírus do cão.
 
E o povo amazonense
Assim como todo Brasil
Tenha paz e alegria
Para novos desafios
Com políticos competentes
E sem discursos vazios.
 
E que toda essa tragédia
Seja uma grande lição
A todos sobreviventes
Que seguiu um “líder” ou não
E hoje choram seus mortos
Com grande consternação.
 
Que acreditem em seus deuses,
Mas não despreze a ciência
Que trabalha noite e dia
Por isso tem competência
De trazer mais precisão
Para sarar as doenças.
 
Deixo aqui o meu abraço
A quem por ventura ler
Esse cordel mal versado
O qual dedico a você
Que aplaude mesmo distante
Com esse calor constante
Até sem me conhecer.
JOEL MARINHO