LÁ VEM MARIA FUMAÇA
No meu tempo de menino
Dado a muitas peraltices
Me sentia criatura liberta
Que em tudo se acerta
Não tinha isso de mesmices
Esse era o meu destino
A rua era meu território
Fazia qualquer bagaça
Era sovina, muito danado
Só não era mal criado
Dormia no banco da praça
O que não era obrigatório
Quando mamãe me procurava
Tava eu no ôco do mundo
Sem chinelo e sujo de barro
Ela tirava logo um sarro
Vendo meu calção imundo
Nessa hora eu apanhava
Tinha algo que me dominava
Me faltava o controle até
Atrás de casa passava o trem
Só que eu naquele vai e vem
Ligeiro atravessava a maré
E Maria Fumaça eu admirava
Com outros moleques eu ia
Gritando lá vem Maria Fumaça
Nadando chegava do outro lado
Era um contentamento danado
Sem temer qualquer desgraça
O trem passava, a gente sorria
E assim o tempo passou
De menino tenho lembrança
Tudo agora é diferente
Vivendo agora o presente
Tenho saudade daquela festança
De tudo que prá trás ficou