SINGELO OLHAR DE TOINHA
Num alvorecer de gratidão
No voar de andorinhas
Pelos campos de cada sertão
Pelas raízes das romarias
No respeito a padre Cícero Romão
E a misericórdia da virgem Maria
Recordando da arte de benzer
Num cenário cheio de poeticidade
A oração um caminho para entender
O pulsar de uma misticidade
A arruda ou alecrim para benzer
Pedidos e preces de felicidade
Como fruto do umbuzeiro
Riqueza de todo sertão
E as romarias de Juazeiro
Expressiva linguagem da devoção
Com versos singelos e condoreiros
A esperança espalhada na imensidão
Recordando um olhar de sensibilidade
No fazer do doce de uma doceira
No oferecer gentilezas e sinceridade
Com conversas ternas e rotineiras
Que passeavam por muitas cidades
E contavam histórias de padroeiras
No tirar do leite ao amanhecer
Na leitura diária de uma FOLHINHA
Na oração que podia reconhecer
O recitar dos versos de uma poesia
No colher das flores ao perceber
Os doces valores da cidadania
Na lenha colocada naquele fogão
Na coalhada oferecida todos os dias
No lambedor que era feito com suas mãos
No benzimento realizado com alegria
Com o santo rosário mostrava a lição
No recitar de pai-nossos e ave-marias
110 anos num versejar
Com saudades e sentimentos
Recordando a grandeza de um olhar
A bondade como sincero argumento
A poesia mais bela para apreciar
A estrela mais linda do firmamento
Homenagem especial aos 110 anos de Toinha Vicentina (Antônia Vicentina de Araújo). Completaria nessa próxima quinta-feira, 21 de janeiro de 2021.
OBSERVAÇÃO:
A pintura é do artista plástico mineiro Rui de Paula.