COVA
"Como está a vida aí embaixo?
Valeu a pena toda luta?
Me diga, velho companheiro
Não precisas mesmo de ajuda?
Carregou um tremendo fardo
E não se entrega mesmo cansado..."
É, meu bom, que vida a nossa
Sempre resistindo às intempéries
Sei que nossas vidas não importam
Mas ainda tenho esperança, sim
Um dia alguém olhará para nos aqui
Talvez teremos sorte e essa alma caridosa
Terá a generosidade de nos tirar dessa cova
É uma resposta dura, meu caro?
Mas é essa a realidade que passamos
(In)felizmente tu não sabes
Mas é justamente esse o plano:
Defuntos-vivos à vista enterrados
Porém a alienação é tamanha...
Que sempre somos ignorados
Contudo somos nós que sustentamos
Esse chão que vocês têm pisado.