COVA

"Como está a vida aí embaixo?

Valeu a pena toda luta?

Me diga, velho companheiro

Não precisas mesmo de ajuda?

Carregou um tremendo fardo

E não se entrega mesmo cansado..."

É, meu bom, que vida a nossa

Sempre resistindo às intempéries

Sei que nossas vidas não importam

Mas ainda tenho esperança, sim

Um dia alguém olhará para nos aqui

Talvez teremos sorte e essa alma caridosa

Terá a generosidade de nos tirar dessa cova

É uma resposta dura, meu caro?

Mas é essa a realidade que passamos

(In)felizmente tu não sabes

Mas é justamente esse o plano:

Defuntos-vivos à vista enterrados

Porém a alienação é tamanha...

Que sempre somos ignorados

Contudo somos nós que sustentamos

Esse chão que vocês têm pisado.

Rodrigo Hontojita
Enviado por Rodrigo Hontojita em 14/01/2021
Código do texto: T7159896
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