O Poeta e a Morte

O poeta renasceu

de Alagoas pro Brasil

numa reação sombria;

ninguém soube, ninguém viu

que o poeta sucumbiu

para fazer poesia.

Encontrou um corpo vazio

tomou-lhe em gran poderio

eliminando a estesia.

E tornou-se noutro alguém

não era do mal ou do bem

só importava a poesia.

Não voava, asa não tinha

no seu cérebro continha

da morte, a sabedoria.

Gratidão não lhe faltava

e a morte homenageava

em quase toda poesia.

Ao lê-lo ninguém notava

que apenas fantasiava

o que da morte sabia.

pedaços de sua morte,

sua ausência de sorte

formavam a poesia.

Não havia sentimento

pois su’alma era um vento

soprando na noite fria.

Eram só palavras ocas

que ao saírem pelas bocas

transformavam-se em poesia.

Como parte dessa ação

sua única obrigação

era um poema por dia.

Logo, em versos evocava

a morte que apreciava

sua obscura poesia.

Cada poesia é sombria

e cada leitor que a ler

evoca a morte sem saber

pra ser sua companhia.

========================

Cordel publicado originalmente

no dia 27/08/2018.

Revisado e republicado.

Gustavo Valério Ferreira
Enviado por Gustavo Valério Ferreira em 14/01/2021
Reeditado em 15/01/2021
Código do texto: T7159628
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.