O MEU RINCÃO
Por Gecilio Souza
De manhã o galo cantou
Seu repertório matinal
A passarada revoou
Numa algazarra total
No horizonte o sol raiou
O gado berrou no curral
Resto de orvalho ficou
Como um lençol de cristal
Ao lado a estrada de chão
Decorando o meu sertão
Da forma mais natural
Um córrego próximo ao quintal
Com aquela água corrente
Salobra porque tem sal
Posto que a sua nascente
Está na montanha local
Pedreira antiga e resistente
Um cenário sem igual
Que impressiona a gente
A névoa por trás da serra
Embeleza a minha terra
Onde vivo tranquilamente
Saborear requeijão quente
Mais tarde comer coalhada
Feitos de leite integral
Uma gostosura danada
Graças à vaca amarela
À preta, à branca e à malhada
No fundo da casa a vazante
Onde começa a invernada
Cavalo gordo pastando
E um arreio balançando
Numa casinha reservada
O cachorro da caçada
Circula pelo terreiro
Tão dócil durante o dia
Mansinho e até bandoleiro
Mas à noite se transforma
É valente e traiçoeiro
Vigia o gado no curral
E os porcos no chiqueiro
De tudo vai para cima
Predador não se aproxima
Das galinhas no poleiro
Este é o meu lar verdadeiro
Pequena gleba de chão
Não há dinheiro que pague
Ele é sem comparação
Ali se sofre e se goza
Tudo é uma combinação
Os braços da natureza
É a melhor proteção
Mesmo o trabalho pesado
No final é compensado
Com o sossego do rincão
G. S.