Canto  de exaltação a Minas Gerais.

 
 
 
 
Minas Gerais completando
300 anos de história!
Seu passado de conquistas
Vem sempre à minha memória.
Pois desde o descobrimento,
Teve luta e sofrimento,
Nos anos de dor e glória!
 
Essa data apresentada
É da criação do Estado,
Mas, desde os primeiros anos
Do europeu aqui chegado,
Buscando riqueza e renda,
Foram criando fazenda
E formando povoado.
 
Peço ao Grande São Francisco,
O Santo da natureza,
Que me dê a inspiração
De cantar toda beleza.
Os encantos naturais,
Das minhas Minas Gerais,
Terra de tanta riqueza.
 
As maravilhas de Minas
Vou contar parcialmente.
Muitas encontrei nos livros,
Outras vi pessoalmente.
Até onde a ideia alcança,
Vou narrar toda lembrança
Que carrego em minha mente.
 
Estado que tem história
De muita conquista e luta.
Das toneladas de ouro,
Arrancado à terra bruta.
Das montanhas de minérios,
Que revelaram mistérios
De grandeza absoluta.
 
Bem antes da descoberta
Por aqui já tinha gente.
Muito nativo selvagem,
Povo muito diligente.
Mostrando em todo lugar,
A importância de guardar
Floresta, rio e nascente.
 
Krenak, no rio Doce
Nas terras de Resplendor.
De botocudos chamados
Pelo colonizador.
Maxacali, conhecido
Por muito ter resistido
Ao europeu invasor.
 
Há também os pataxós
Que migraram da Bahia
E mais dezenas de povos
De variada etnia.
Mostrando que nosso Estado,
Bem antes de ser achado,
Muita gente o conhecia.
 
E foi no Descobrimento
Que, deixando o litoral,
Bandeirantes desbravaram
O território geral.
Sempre em busca de tesouro
Diamante, prata, ouro
Enfrentando o matagal.
 
Foi Fernão Dias Pais Leme
Mais ilustre Bandeirante,
Indo além de Vila Rica,
Na rota do diamante.
Foi plantando povoado,
No seu sonho alucinado
Da esmeralda mais brilhante.
 
Da Mãe-África aos milhares,
No infame navio negreiro,
Vieram negros escravos,
Para o triste cativeiro.
Enormes levas trazidas,
Para explorar as jazidas
Do rico solo mineiro.
 
Entre tantos, Chico Rei,
Nas minas escravo feito, 
Que, com grande valentia,
Trabalhou firme em seu eito,
Para libertar seu povo.
E sendo dele de novo,
Soberano por direito.
 
Foi também em Vila Rica
Que, contra o poder real,
Houve levante e revolta,
Pedindo partilha igual
Da riqueza que brotava
Na infinidade de lavra,
Aberta em cada quintal.
 
O herói Felipe dos Santos
Exemplarmente punido,
Puxado pelos cavalos,
Teve o corpo repartido.
Um recado de maldade
Para quem a liberdade
Era um bem já preterido.
 
Mais tarde, os Inconfidentes:
Poetas, padres, soldados,
Começaram um movimento
Contra os impostos pesados.
Mas a coroa discorda,
O líder morre na corda,
Outros tantos, degredados.
 
No campo da Lampadosa,
Lá no Rio de Janeiro,
Tiradentes enforcado.
Mataram o sonho mineiro!
Libertas quae sera tamem
São versos que ainda bramem
Pelo solo brasileiro.
 
O Museu da Inconfidência,
Bem na praça principal,
Dedicada a Tiradentes,
Que reina num pedestal!
Ali se expõe um tesouro,
De todo o ciclo do ouro,
Num prédio monumental.
 
A igreja do Rosário,
De traçado especial,
É construção imponente!
Frontispício magistral!
Com santos negros no altar,
Para ao povo demonstrar
Branco e preto é tudo igual.
 
A mais rica das igrejas
É a catedral do Pilar,
Que tem arroubas de ouro
Nas paredes, no altar.
O luxo, que ali sobeja,
Mostra o poder que a Igreja
Já teve e tem no lugar.
 
A São Francisco de Assis
Há uma igreja dedicada.
De Aleijadinho obra-prima,
Foi por ele projetada.
Com cinzel preso na mão,
Forjou na pedra-sabão
A mais famosa portada.
 
Na Matriz de Antônio Dias
Senhora da Conceição,
No museu Aleijadinho,
Peças em pedra-sabão.
Ao lado, a visita é de lei
À gruta de Chico Rei,
Lugar de muita emoção.
 
Andar nas ruas antigas
De Ouro Preto é viajar
No tempo, pois, de repente,
O turista entra num bar
E, enquanto bebe, de repente,
Diz um guia, antigamente,
Senzala era este lugar.
 
Deixemos, pois, Ouro Preto
- Pra ver tudo leva dia -
Vamos, agora, a Congonhas,
Contemplar a escadaria
E os profetas colossais,
Várias peças  geniais,
Que o Anjo Torto esculpia.
 
Em cedro fez as figuras,
Representando a Paixão.
Distribuídas nos Passos,
Com tamanha perfeição.
Com grande expressividade,
Parecem ser de verdade,
As cenas da exposição.
 
Sigamos, por mais um pouco,
Pelo campo das Vertentes.
Vamos a São João del Rei
E à pequena Tiradentes.
Terra de encanto e de graça,
Onde a Maria Fumaça
Lembra tempos diferentes.
 
Seguindo o rastro do ouro,
Sabará é encanto só!
Visitemos a Igrejinha
Nossa Senhora do Ó!
Sabará foi fundição,
Fazendo a transformação,
Em lingotes, do ouro em pó.
 
No Caraça, além da serra,
Muita natureza há
E é neste santuário
Que vive o lobo-guará.
Relíquias de arquitetura!
A Ceia, rica pintura,
De Ataíde ali está.
 
Andemos um pouco mais,
Vamos na Estrada Real
Pelo coração de Minas,
Pela Serra do curral,
Atravessando o cerrado,
Pelo caminho traçado
Sobre as terras do cristal.
 
Rumo à Serra do Espinhaço,
Além do serro em neblina.
Lá, o arraial do Tejuco,
Transformou-se em Diamantina.
Onde a riqueza era tal,
Que a corte de Portugal,
Não tinha vida mais fina.
 
No Tejuco, foi famosa,
Uma cativa chamada,
Por todos, Chica da Silva.
Que, como em contos de fada,
Devido à grande beleza,
De pobre escrava, em princesa,
Por amor, foi transformada.
 
Reinando em Diamantina,
Chica andava na cidade,
Acompanhada de orquestra,
Como sendo majestade.
Mesmo tendo sido escrava,
Dizem que Chica mandava,
Tendo plena autoridade.
 
Perto dali fica o Serro,
Lugar muito conhecido
Por causa do Queijo Minas,
De todos o preferido,
Pelas  terras brasileiras,
E, mesmo além das fronteiras,
No mundo todo é vendido.
 
Falar em queijo de Minas
Lembro da gastronomia.
Nossa mesa é muito farta.
Isto é todo santo dia!
Começa com pão de queijo,
Objeto de desejo,
A mais perfeita ambrosia.
 
O café é um caso à parte.
É servido o dia inteiro!
Feito no coador de pano,
Espalha na sala o cheiro
E abre um sorriso no rosto.
Tem café de todo gosto,
Um mais forte, outro maneiro.
 
Tem frango de todo tipo.
Tem tutu, tem feijoada
Quiabo, torresmo e angu.

A mesa é bem variada.
Doce de leite, uma beleza!
Mas a melhor sobremesa
É queijo com goiabada.
 
Vamos seguir mais acima,
Buscando as terras do norte,
Passando o Jequitinhonha,
Onde a cultura é bem forte.
Por ali a luta é dura
Mas é um povo que procura,
A todo instante, outra sorte.
 
As canções mais refinadas,
Da mais nobre partitura,
Fazem do Jequitinhonha
Lugar de rica cultura.
Quando a seca não castiga,
E de manso a chuva irriga,
Tem colheita e tem fartura.
 
Por falar em cantoria,
É o que não falta no Estado.
Um folclore muito rico,
De formato variado.
Tem batuque, tem folia,
Festas à Virgem Maria,
Vários grupos de reisado.
 
De folia, a mais famosa,
A de Reis, que no Natal,
Vai visitando os presépios.
Verdadeiro festival!
Os três magos mascarados,
Instrumentos afinados.
Nunca vi beleza igual!
 
Tem ainda as pastorinhas,
Da mais rica tradição.
Cantando de casa em casa,
Fazendo a visitação
Ao Menino mais querido,
Em Belém recém-nascido,
Para a nossa Salvação.
 
As várias guardas de congo,
De muito apurado canto,
Festejam São Benedito,
Também o Espírito Santo.
É festa a noite inteirinha,
Trazem rei, trazem rainha,
Cobertos de fino manto.
 
Também há danças pagãs,
Carnaval e capoeira,
Em junho as festas juninas
Em que se levanta a bandeira.
Não pode faltar quadrilha,
Que essa dança é a maravilha,
Com canjica e com fogueira!
 
Andando por mais um trecho,
Procurando outras esquinas,
Para o norte, pernoitando,
Na cidade de Salinas.
Onde tem pinga gostosa,
Sendo Havana a mais famosa,
Entre as cachaças de Minas.
 
Atravessando o Jaíba,
Cultivo de irrigação,
Das águas do Velho Chico,
Que garante a produção.
Banana, principalmente,
Com colheita permanente
Também tem uva e melão.
 
Nosso objetivo, agora,
É chegar em Januária.
A beira do São Francisco,
É cidade portuária .
Aproveitando o bom clima,
Vamos seguir ria acima,
Numa viagem centenária.
 
O Chico é o rio de Minas
Aqui tem sua nascente.
Mas vai recebendo água,
De todo lado corrente,
Segue firme para o norte,
Levando fartura e sorte
Para o povo mais carente.
 
Chegamos em Pirapora
A ponte monumental!
Era um projeto de linha
Ao Distrito Federal.
Hoje está abandonada,
Ligando nada com nada,
Somente cartão postal.
 
O sertão vai virar mar
E o cerrado vai também!
Nas terras de Três Marias,
Represa que vai além,
Gerando muita energia.
Lugar para   a pescaria,
E até grandes praias tem.
 
Nosso estado é bem servido
Das riquezas naturais.
Tem Gruta de Maquiné,
Rei do Mato, entre outras mais.
Parque do Caparaó,
E a região do Cipó,
Quedas d’água magistrais.
 
E mesmo em Belo Horizonte,
Nossa linda capital,
Temos também atrativos
Como a serra do Curral
E o Parque das Mangabeiras.
Além das diversas feiras,
Muito espaço cultural.
 
Vou também apresentar
Minha cidade natal!
Pequena Pedro Leopoldo,
Terra de Chico Imortal!
Grande médium consagrado,
Um ser muito iluminado,
De renome mundial.
 
O progresso deste estado
Bem menor talvez seria,
Sem o transporte de cargas
Pela extensa ferrovia.
Hoje não transporta gente,
Mas me lembro, antigamente
Andei de trem – que alegria!
 
Na região noroeste,
Paracatu, João Pinheiro.
Cultura muito apurada
E seu povo hospitaleiro.
Tão longe da capital,
O Distrito Federal
É o destino mais certeiro.
 
Quem vive no extremo norte,
De Montes Claros acima,
Se liga mais à Bahia
Na linguagem e pelo clima.
Lugar de grande beleza,
Mas a vida de dureza,
Muitas vezes, desanima.
 
O Triângulo Mineiro
Araguari, Uberaba.
Uberlândia encantadora,
Riqueza que nunca acaba!
A agricultura tão vária,
Região de pecuária.
Sacramento e Ituiutaba.
 
Por falar em Sacramento
Dinossauro andou por lá.
Imponente o grande hotel
Junto  às termas de Araxá.
Muita história ali viceja,
Mas, por certo, Dona Beja
É a mais falada que há.
 
Sul de Minas, clima ameno,
É a terra do cafezal.
Tem as estâncias famosas,
Termas e água mineral.
Poços de Caldas, Lambari.
Em Varginha, logo ali.
Desceu nave espacial.
 
Minas são muitas, eu sei
Bem dizia o mago Rosa.
Difícil falar de tudo,
Seja em verso, seja em prosa.
Festa, dança, poesia.
A melhor gastronomia,
A cachaça mais gostosa!
 
Pra contar tudo direito,
Muito tempo levaria.
Talvez, ficando de fora.
Coisa que eu falar queria.
Por isso, para fechar,
Quero a você convidar,
Venha a Minas qualquer dia!
 
Teremos todo prazer
De recebê-lo em visita
Para ver, fotografar,
Tanta coisa aqui bonita.
Queremos tratá-lo bem,
Para que no ano que vem
A viagem se repita.
 
Para encerrar esses versos
Relembremos o arraial,
Que foi a primeira vila,
A primeira capital!
A emoção mais forte emana,
Chegamos em Mariana,
Nosso marco inicial.
 
Minha total gratidão
A você, leitor amigo,
Por aceitar o   convite,
Para percorrer comigo,
Cada canto deste Estado.
Por tudo, Muito obrigado!
Com satisfação, lhe digo!
 
FIM
 
Fernando Antônio Belino
Enviado por Fernando Antônio Belino em 10/01/2021
Reeditado em 18/01/2021
Código do texto: T7156777
Classificação de conteúdo: seguro
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