O ROSTO FEMININO
Por Gecilio Souza
Brincar com as letras é bom
Prazeroso e divertido
Mas se isto for um dom
Está mal distribuído
Se eu fosse dotado com
Este dote evoluído
Versaria sobre o batom
Discreto ou bem colorido
Há certos traços divinos
Naqueles lábios femininos
Do rosto descontraído
Eu daria um apelido
A esta arte tão bela
Que é o rosto feminino
E o próprio gênero nivela
Na criança ou na jovem
Na senhora ou na donzela
Parece o sol matutino
Entrando pela janela
O rosto é a miniatura
Da imensa estrutura
Onde o cosmo se revela
O que está no rosto dela
É um retrato do infinito
Ainda em revelação
Dizendo o que não foi dito
Que geometria perfeita
Nenhum traço em conflito
Ali habitam os mistérios
Como maior requisito
O rosto é um micro-universo
E a poesia faz o acesso
A este painel tão bonito
Não dá para ser descrito
Num poema improvisado
Mas o rosto feminino
É um cosmo abreviado
Que devido à sua dinâmica
Precisa ser interpretado
Nele está contido tudo
Só falta ser detalhado
Os olhos são luminárias
De luzes extraordinárias
Neste rosto desenhado
Nele pode estar gravado
O roteiro do sofrimento
Cada traço e cada ruga
Têm valor de documento
Porque o rosto é um painel
Que registra cada evento
Quem maltrata este rosto
É pobre de entendimento
As profundas frustrações
Desgostos e decepções
Não se diluem no vento
Se eu tivesse este talento
O talento da poesia
Mil versos e mil estrofes
Garanto que escreveria
Para falar sobre o rosto
Esta expressão de magia
É que o rosto feminino
Ao do homem desafia
Minha fonte de inspiração
Numa outra ocasião
Direi tudo que eu gostaria