REPENTES NO CORDEL
REPENTES NO CORDEL
Alistei-me num lugar
Para servir com lisura,
Honrando nossa cultura
Puramente popular,
Juntos, vamos divulgar...
Nosso belo contingente
Não tenho sequer patente,
Mas ergo firme bandeira
Sou soldado na trincheira
Do batalhão do repente.
Mote & glosa: Douglas Alfonso
Quero aqui me apresentar
Como um filho da cultura
Que adora a literatura
No nordeste popular.
Vou tomar o meu lugar
A ninguém nasci temente,
Mas gosto mesmo de gente
Não falo de brincadeira...
Sou soldado na trincheira
Do batalhão do repente.
Glosa do Poeta: j.r.filho.
Que tristeza, os poetas com seus planos,
Descarrilam de mais no metro exposto
Um concurso no grupo foi proposto,
Escolhendo o melhor dos veteranos
Só vi seis entre os vinte, sem ter danos...
Em quatorze, a total desilusão,
Do tripé, vi alguns abrindo mão,
Sem o mesmo eu não seio que seria,
Revelei que sou nessa poesia
Veterano em qualquer situação.
Mote: Silvano Lyra/ Andrade Lima
Glosa: Douglas Alfonso.
Em geral, cordelistas nordestinos
Ligam pouco, pra os versos na oração,
Metrificam sem muita perfeição,
Usam rimas que soam como sinos
De badalos rachados, genuínos,
Criadores de perda de audição.
É preciso, portanto, posição,
Pra mudar este mal que deprecia...
Revelei que sou nesta poesia
Veterano em qualquer competição.
Mote dos Poetas: Silvano Lyra/Andrade Lima
Glosa do Poeta: j.r.filho.
Sendo assim eu classifico...
Jumento, também cacimba,
A parteira que cachimba
Um pilão feito de angico
Papeiro, pote, penico,
Perneira, chapéu, gibão,
Caatinga e barbatão...
Um vaqueiro preparado,
Poeta pago dobrado
Pra só falar do sertão.
Mote do Poeta: José Vieira.
Glosa: Poeta Douglas Alfonso.
Senti muito dó ao ver
Um cabrito ser sangrado
E seu fato retirado
Para buchada fazer.
Baião-de-dois vou comer
Com pequi e requeijão,
Uma coxa de capão,
Cuscuz de milho pisado...
Poeta pago dobrado
Pra só falar de sertão.
Mote do Poeta: José Vieira
Glosa do Poeta: j.r.filho.
Ninguém gosta de ser desrespeitado
Trate os outros igual sendo a si mesmo,
Ou então viverá terrores a esmo...
Solitário sem ter ninguém ao lado,
Já quem tem um pensar mais preparado
E consegue mostrar com sutileza
A visão maioral, com tal clareza,
Vive bem, com mentiras não ilude,
Vamos juntos buscar boa virtude
Aprendendo o valor da gentileza.
Mote & glosa: Douglas Alfonso
Bons amigos não são localizados,
De maneira qualquer, sem seleção,
Necessário é manter a precaução
Pra que exista atenção de ambos os lados,
Não devemos ficar inebriados
E deixar de notar que na grandeza
Não existe ilusão nem safadeza,
Precisamos mudar essa atitude
Vamos juntos buscar boa virtude
Aprendendo o valor da gentileza.
Mote do Poeta: Douglas Alfonso
Glosa do Poeta: j.r.filho.
Soltando meu brado tornei-me poeta,
Por ordem divina cantando bonito
Seguindo nas trilhas, buscando bom rito...
Com verso simplório percorro na meta
Assim vou criando de forma completa
Minúcias perfeitas do meu linguajar,
E vejam amigos consigo criar
Um simples galope, porém, com noções...
Usei a linguagem sem ter elisões
Nos dez de galope da beira do mar.
Mote & glosa do Poeta: Douglas Alfonso
Não vou me gabar, mas também poetizo,
Assim me defendo buscando fazer
Do meu desespero, desejo, prazer,
Porém, vencerei, saberás, profetizo,
Pois quem me confronta perdeu o juízo.
Embora deteste viver sem lutar
Pretendo subir e portento gritar
Que faço galope com todo requinte,
De modo pesado, talvez com acinte,
Nos dez de galope na beira do mar.
Mote do Poeta: Douglas Alfonso
Glosa do Poeta: j.r.filho.
Amélia Rodrigues-Ba. 04/01/2021.