FALTA DE MEMÓRIA DE NOSSO POVO

Você não precisa ser

O dono de um castelo

Nem membro duma dinastia

Se não for pé de chinelo

Saberá que nesta vida

Para tudo há um elo

Que você é o guardião

Do legado positivo

Deixado por desconhecidos.

Bem do povo exclusivo

Este tesouro herdado

Deverá ter seu cultivo

Esse patrimônio de valores

Que chamamos de história

De cada povo mostrando

Suas tradições e suas glórias

Deve sempre ser preservado

Pois reflete sua trajetória

Assim como nosso corpo

Sempre em evolução

Dele estamos cuidando

Fazendo manutenção

O patrimônio de um povo

Também tem sua função

Porém aqui no Ceará

Não mantem suas tradições

E em nossa capital

Destruíram as mansões

O poder público acaba

Tudo sem explicações

E essas alterações

Afetam nossa memória

Não fica nenhum vestígio

Pra contar nossa trajetória

E todo mundo esquece

Do Estado as suas glórias

Por conveniência politica

Bairros tem nome mudado

Todas as praias de Fortaleza

Tiveram nome englobado

Lido, Náutico e Diários

De Beira-Mar é chamado

Da antiga Volta da Jurema

Não temos nem mais lembrança

Virou também Beira-Mar

Como toda a vizinhança

Sumiram com o Tirol

E com o Alto da Balança

A Aldeota está sumindo

Que foi feito do Japão?

Dias Macedo Mata Galinha

Tudo virou Castelão.

O antigo Atapu

Agora é São João.

O Vinte e Um de Janeiro

E o Parque Americano

Junto com o Quitandinha

Saíram do cotidiano

Nosso Senhora das Graças,

Colônia sumiram há anos.

O Serviluz e o Farol

Como o Parque Araxá

Há muito tempo sumiram

Junto com Parque Juá

Quilômetro Oito, Itaóca

Campo do Pio já não há.

Estação de Antônio bezerra

Conrado Cabral, São Gerardo

Do bairro Couto Fernandes

Bairro não muito galhardo

Arraial Moura Brasil

O Curral era um fardo

Não há mais o Autran Nunes

Nem o campo do Cocorote.

Acabou o Alto do Bode

Mondubim saiu do xote

Lagoa do Opaia, Beira Rio

Deixaram os holofotes

E a história do estado

Sempre anda na contramão

O antigo Maravilha

Virou Parque Parreão

A antiga Vila do Sargento

Acabou de ir pra o chão.

HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO

FORTALEZA, DEZEMBRO/2020