Nísia Floresta, uma pioneira pela liberdade
No viés conservador
Em que o Brasil se meteu
É relevante lembrar
Alguém que aqui viveu
No Nordeste brasileiro
Brilhando em solo europeu.
Sua vida transcendeu
Os limites de uma era
Na pequena Papari
Em uma família austera
No Rio Grande do Norte
Uma mulher se empodera
Dionísia Pinto era
Uma jovem professora
Nascida em 12 de outubro
Que viria a ser cultora
De ideais libertários
Na sua luta vindoura
Como excelsa benfeitora
Foi a primeira senhora
A defender os escravos
Cuja alforria tutora
Em um mundo arbitrário
Onde o escravismo vigora
Se arvorou protetora
Do nativo brasileiro
Escritora e poetisa
Seu clamor foi o primeiro
Em defesa da mulher
Seu propósito altaneiro
Brigou contra o cativeiro
E pela plena equidade
Entre a mulher e o homem
Apesar da alteridade
Que havia no seu tempo
Sobre esta realidade
Com 22 de idade
Principiou sua obra
Editando um forte livro
Onde com força ela cobra
Os direitos da mulher
Em audaciosa manobra
Depois ela se desdobra
Dionísia muda o nome
Adota Nísia Floresta
E com esse codinome
Viveu em vários Estados
Onde sua imagem assome
Foi emblema de renome
Até na velha Europa
Poetisa e escritora
Ginete livre galopa
Em favor da independência
Arrebanhando uma tropa
De mulheres. Enfim topa
Assumir o feminismo
Nísia Floresta entendia
Que superar esse abismo
Seria fundamental
No combate ao casuísmo
A doutrina do machismo
Intentou desconstruir
Rompendo velhas ideias
Para o povo evoluir
A primeira feminista
Que o Brasil viu surgir
Para as moças instruir
Em coragem que assusta
Fez escola feminina
Achando a ideia justa
Seria seu sobrenome
Brasileira e Augusta
Com impavidez robusta
Estudou com Augusto Comte
Um filósofo francês
Ajudando no desmonte
Dos ideais regressistas
Abrindo novo horizonte
Achando muito importante
Dar status social
À mulher brasileira
Submissa no curral
Do servilismo viril
Que na época era banal
A tal virtude moral
Era ensinada no lar.
Mulher não ia à escola.
Aprender a costurar
Era o máximo de ensino
Que ela podia alcançar
Manejando seu tear
Mulher aguardou cem anos
Pra ter direito a votar
Combatendo com tiranos.
Não fosse a luta de Nísia
Pelos direitos humanos
Os preconceitos insanos
Ainda estariam em voga
Deu bisturi à doutora
À juíza deu a toga
Saber indiscriminado
Que o igualitário advoga
A iniquidade revoga
Na defesa da mulher.
Mil, oitocentos e dez
Não são numerais quaisquer
Um ano a ser celebrado
Nísia Floresta requer.