A VISÃO
Por Gecilio Souza
Lá na parede do quarto
Apareceu uma imagem
Como um imenso retrato
Ao fundo bela paisagem
Galinha, cachorro e gato
Cavalo e boi na pastagem
Em frente há um morro alto
Coberto de verde ramagem
Naquele momento exato
Uma dama sem maquiagem
A blusa pele de lagarto
Lhe protegia da friagem
Calçando apenas um sapato
O outro pé na folhagem
Com aquele andar pacato
Ela andava sobre a margem
De um rio atrás do regato
Flores como a jardinagem
Na mão tinha um artefato
Sua minúscula bagagem
Era um estojinho barato
Feito como homenagem
Ao caipora lá do mato
Patrono da vida selvagem
E na outra mão um prato
Fabricado de serragem
No seu pescoço um formato
Que não era tatuagem
Um fenômeno abstrato
Logo acima uma mensagem
O resumo de um relato
Que me encheu de coragem
Me apresentei candidato
Mas não foi de sacanagem
E logo de imediato
O cérebro fez a viagem
Para não parecer boato
A mente guardou a filmagem
Ruim é que falta o contato
Essa é a desvantagem
De o sonho não virar fato
Mas sonhar não é bobagem.
G. S