LUZES DO ALVORECER


Com intensas orações

Agradecendo a cada amanhecer
Nas romarias das multidões
Uma religiosidade para reconhecer
Caminhos repletos de devoções
E conotações para entender
 
Compreender as lembranças
De um sertão de sentimentos
De um céu de esperanças
Em seus maiores argumentos
Seguindo por caminhos da confiança
Numa estrada de fragmentos
 
Fragmentos poéticos de cada vivência
Registrados com sensibilidade
Um cenário sertanejo de influências
Com montanhas de saudades
Tendo nas raízes as referências
E no coração, a sinceridade
 
Lembrando das flores do algodão
Vistas sempre nos campos e roçados
De um trabalho num pedaço de chão
Pelo Sagrado Coração era abençoado
Em versos do labor de cada verão
Elementos sertanejos cordelizados
  
Pelos horizontes da poesia
Com perseverança e gratidão
Podendo recordar com alegria
Do leite tirado a cada manhã
Do cuscuz ralado todos os dias
Com carinho era feito por aquelas mãos
 
Dos chás fresquinhos da benzedeira
Que a cada refeição fazia uma oração
Os doces oferecidos pela doceira
E do cantar dos capotes em comunhão
Dos terços rezados por cada romeira
Das conversas apreciadas com o coração
 
Memórias que sempre irei recordar
Sentimentos para se reconhecer
Que nos versos de um versejar
Encontra a poesia no conviver
Nas lembranças de cada olhar
Singelas luzes do alvorecer



OBSERVAÇÃO: 
A pintura é do artista plástico mineiro Rui de Paula.

 

Marcos Antônio Lenes de Araújo
Enviado por Marcos Antônio Lenes de Araújo em 12/12/2020
Reeditado em 03/03/2024
Código do texto: T7134128
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