PASSEIO IMAGINÁRIO
Por Gecilio Souza
Na virada da esquina,
De um certo quarteirão.
Vinha andando uma menina,
Que chamou muito à tenção.
Meio alta e franzina,
Veio em minha direção.
Na hora caía neblina,
Uma discreta cerração.
A chuva era muito fina,
Mas até molhava o chão.
Cuidadosa a nordestina,
Um guarda-chuva na mão
Ela conhecia a campina,
Nasceu em outra região.
Já montou em campolina.
Manga larga e alazão.
Corpinho de bailarina,
Os olhos cor de carvão.
Um brilho em cada retina,
Simpática até na expressão.
Perguntou: como assina,
Qual a sua profissão?
Lhe respondi: imagina,
Sou um simples pobretão.
Eu calçado de botina,
Com roupa de algodão.
Ela falou: raciocina,
Me responda uma questão.
Vejo a sua disciplina,
Na forma de comunicação.
O seu estilo combina,
Com a sua manifestação.
Há algo que me fascina,
É uma boa reflexão.
Porque a vida nos ensina,
Sempre a mais dura lição.
Tirou da bolsa uma resina,
De angico lá do sertão.
E disse isso é vacina,
Previne a constipação.
Gera mais adrenalina,
Para enfrentar a solidão.
Me ofereceu a medicina,
Porque é medicação.
Como a lógica determina,
Recebi com gratidão.
E aquela jovem divina,
Fez alguma anotação.
Coloquei-a na Gabina,
Do me meu velho caminhão.
Dei um toque na buzina,
E pegamos o estradão.
Assim por aqui termina,
O passeio da imaginação.
G. S.