VÔ TONHO
Hoje vou contar o sonho,
Que sonhei já faz dois dias;
Havia muitas fantasias,
Não era nada medonho
Nem assustava, suponho.
Eu tentava abrir à porta
Mas a chave estava torta
Não abria a fechadura
Estava emperrada e dura
Mas afinal quem se importa?
Provavelmente ninguém,
Pois isto é coisa minha
Quer na sala ou cozinha
Não é sonho de outro alguém
Algo que vai e não vem.
Pois faz parte de um só,
Ninguém tem pena nem dó.
Tampouco é isso que quero;
Piedade eu não tolero
Pois eu nunca fui bocó.
Agora que falei o sonho,
Já posso mudar de assunto
Vou comer pão com presunto,
Enquanto isso componho.
A sobremesa é um sonho,
Feito pelo confeiteiro
Que é filho do padeiro
Que lhe ensinou o ofício
Sem ter nenhum sacrifício:
Na escola do vô Tonho.