NA BOCA DO FOGAREIRO

NA BOCA DO FOGAREIRO

Miguezim de Princesa

I

Antes era no colchão

Que se guardava dinheiro,

Depois usaram a cueca

Como novo mealheiro

E agora escondem a grana

Na boca do fogareiro.

II

Quando bateram na porta,

O senador se tremeu,

Olhou pra achar um buraco,

Não achou e resolveu

Por três maços de 200

Na porta do camafeu.

III

Arrumou os três pacotes

Dentro do samba-canção,

Em seguida abriu a porta

Pro Delegado Sansão

E disse: "Aqui é limpeza,

Não temos corrupção!".

IV

Começou por toda a casa

A busca e apreensão:

Acharam um cofre escondido,

Lá por detrás do fogão,

Todo socado, entupido,

Com mais de meio milhão.

V

Lá pras tantas, o senador

Disse que ia urinar,

O Agente Zeferino

Resolveu o acompanhar

E achou um pouco estranho

Aquele jeito de andar.

VI

Me responda, senador:

Você tá entiriçado?

O passo está bem miúdo,

Parece um pinto piado,

Ou o senhor se assou

Ou está todo cagado.

VII

Foi então que o delegado

Resolveu o quiproquó:

- Senador, tire essa roupa,

Para um exame melhor!

Aí acharam os três maços

Na boca do fiofó.

VIII

Em Brasília, Bolsonaro

Ficou muito revoltado,

Retirou da liderança

O senador enrolado

E disse: "Além de ladrão,

Esse tá afolosado!".

IX

A Direção do BC

Ficou muito indignada:

- Uma nota tão novinha,

Bonita, recém-lançada,

Agora volta pra cá

Amarela e desbotada.

X

Fizeram o exame da goma

No nobre parlamentar:

Ele sentou numa bacia

E começou a bufar,

Mas não restou nenhuma prega

Pro perito apreciar.

XI

A coisa ficou ruim

Pra quem gosta de contar

Dinheiro passando a mão,

Indicador e polegar,

Na língua velha estirada

Com cheiro de vá lavar.

XII

Inda ontem no Senado,

O líder da oposição

Se mostrava impressionado

Com a força do Chicão:

Ou a nota era pequena

Ou ele tem o Centrão!

Miguezim de Princesa
Enviado por Miguezim de Princesa em 15/10/2020
Código do texto: T7088458
Classificação de conteúdo: seguro