O PERFUME DAS ROSAS: A ANTÍTESE DO MACHISMO NO GÊNERO LITERÁRIO DO CORDEL
O PERFUME DAS ROSAS: A ANTÍTESE DO MACHISMO NO GÊNERO LITERÁRIO DO CORDEL
Acontece cada coisa
Que nos causa agonia
Artigos improcedentes
É preciso sintonia
Por que senão o incauto
Quando lê, se contagia.
II
Que o machismo existe
Já cansamos de saber
Todos que não sabem disto,
Precisam logo aprender!
Porém, o nosso cordel
Deixe livre pra viver!
III
É um gênero maravilhoso
Que você pode estudar
O machismo no cordel
Pode até nos provocar!
Mas querem tirar proveito
E falsa ideia lançar!
IV
Perdi todo o respeito
Á Revista Piauí
Um monte de inverdades
Que observei e sorri
Tinham fatos distorcidos
Mal colocados, eu vi!
V
O artigo era machismo
E chamou minha atenção
O nosso gênero poético
Gera grande ambição
Tal texto nos entristece
Parece até armação!
VI
O cordel virou estrela
Patrimônio Imaterial
Fez crescer o interesse
Pelo todo Bem Cultural
A nossa maior riqueza
Tradição medieval.
VII
Pra rebuscar o passado
Vou lembrar do ocorrido
Quando Maria das Neves
Sofreu muito ao ter vivido
Num tempo em que a mulher
Tinha o direito adolido.
VIII
Ela escrevia seus versos
Naquele tempo passado
Com DNA do pai
Um poeta consagrado
Senhor Francisco das Chagas
Batista, seu pai amado!
IX
Foi a década de trinta
Um tempo muito diverso
E a “Das Neves” viveu
Em um tempo controverso
Onde faltava dinheiro
Desigual era o universo
X
Ela foi desafiada
Pelo seu nobre marido
Um homem nada romântico
Talvez até atrevido.
Como no século atual
Muitos homens o têm sido.
XI
- Se tu sabes fazer versos
Quero ver você provar! -
Disse o tal do marido
Querendo lhe afrontar.
“Das Neves” fez o cordel
Mas não os pode assinar.
XII
A mulher naquele tempo
Era um mero objeto
Ela usou um pseudônimo
E seguiu esse trajeto
” O Altino Alagoano”
De doçura foi repleto.
XIII
Se nós voltarmos no tempo
Lá naquela conjuntura
Sertanejo ignorante
Desprovido de cultura
Como um animal bruto
Ele assim se configura.
XIV
Porém havia uma regra
Naquela sociedade
Que impedia a mulher
De ter sua autoridade
Mesmo sendo importante
Não tinha notoriedade.
XV
E essa brutalidade
Não está muito distante
A mulher sofre violência
Toda hora e todo instante
O machismo é social
Em um povo ignorante!
XVI
O machismo do passado
Ainda hoje resiste
Se a mulher não reagir
Para sempre vai ser triste!
Em derrubar as muralhas
A nossa luta consiste.
XVII
O que não significa
Que será nosso papel
Promover guerra entre sexos
Travando luta infiel,
Nem causar tanta discórdia
Rotulando o CORDEL.
XVIII
Convidou-me uma poeta,
A Isabel Nascimento,
Que se disse agredida
Por um homem num evento
Quando me solicitou:
Apoia-me no momento?
XIX
Quando a foto foi postada
Em um gesto de humanismo
Eu compartilhei bastante
Queria com otimismo
Espalhar pra muita gente
Pra livrá-la do machismo.
XX
Depois o tal movimento
Virou febre nacional
Maria da Penha e a Monja
E gente de Portugal
Todo o povo aderindo
Sem saber qual a real.
XXI
Porque esse “Movimento”
De artilharia pesada
Não faz mais pela cultura
E pra luta ser louvada?
Só fazem é confusão,
Usam cordel de fachada!
XXII
Precisamos combater
É o machismo social
Que vamos desconstruindo
Em nosso mundo real
A tarefa não é fácil,
É uma luta desigual!
XXIII
Sabemos que ainda temos
Muitos passos a galgar
E são longos os caminhos
Difíceis de se trilhar
Somos forças criativas
Juntas podemos lutar!
XXIII
Respeitar todos os gêneros
Sem precisar divisão
Com união e afeto
Poesia e coração
Ação e muito argumento
Coragem, transformação!
XXIV
Gostaria que a cultura
Vinda desta artilharia
Não fizesse só a guerra
Essa antidemocracia
Pois restaurar os valores
Traria mais alegria!
XXV
Nesse meu cordel eu deixo
Para todos um recado
Façam tudo como queiram
Com machismo rotulado.
Nós estamos produzindo
Com homens ao nosso lado!
XXVI
Porque nós não temos nada
Contra o sexo oposto
Que merece é respeito!
Nós temos, sim, muito gosto
De tê-los sempre por perto
Pois cada um tem seu posto!
XXVII
Não somos subjugadas,
Fazemos prevalecer
Todos os nossos direitos
E buscamos conviver
Com os poetas em paz!
Que mal isto pode ter?
XXVIII
Nós fazemos intercâmbio
E é grande o aprendizado
Todos eles nos respeitam,
Têm seu tempo dedicado.
Com muita delicadeza
Nós temos dialogado.
XXIX
E hoje surgiu para nós
Uma grande esperança
Eis que chegou uma Rosa
A nossa Silvinha França
Essa Rosa uma líder
Que nos traz esperança
XXX
Uma mulher que conhece
A vida e seus desafios
Se não resolve, contorna
Como as águas de um rio.
Guerreira cheia de sonhos
É mulher de grande brio!
XXXI
Ela conseguiu juntar
Mulheres que têm talentos
Inteligentes, criativas
Sem ter falsos pensamentos
Um jardim cheio de Rosas
Povoando sentimentos.
XXXII
O Grupo Cordel das Rosas,
Poesia em movimento
Que fala de amor e paz,
Emoção e sentimento
Possa florir pelo mundo
Versos de conhecimento!