Rompendo as Convenções

Foi na terra dos arrecifes

Que o desafio se interpôs:

Separar um casal ilustre

Uma blasfêmia! – Disse a vendedora

Que intrigada se contrapôs

Ora, por que não se pode,

Para uni-los em novo casal?

As convenções não são verdades absolutas,

Tampouco intimidam

Os arroubos de um amor frugal

Dê-me eles aqui

Pare de fuleragem!

Lampiões e Marias Bonitas

São homens e mulheres

De coragem

A festa está montada

O casório vai começar!

Acendam os Lampiões

Que as Marias, Bonitas que só elas

Já vão chegar!

O salão todo enfeitado

Bandeirolas e mandacarus

Representam a fortaleza

Dessa terra

Tantas vezes, vigiada por urubus

Os Lampiões vão se casar

Sem desconfiança e brabeza

Vale o amor

(Oxente)

Tenha certeza!

Assim, pelo poder a mim

Conferido

Caso, então, esse amor bandido

Que roubou o coração um do outro

De tantas lutas, saiu ferido

Por isso, caso e junto esses dois

Junto e caso

Os Lampiões? Sim, os dois!

As Marias vêm em seguida

Numa chuva de arroz

Viva a fogueira, viva o sertão!

Viva o novo amor de Lampião!

Dele por ela, a Bonita

Ou pelo outro, o igual

Cangaceiro dessa vida desigual

Agora pronto!

Estão casados

Ninguém tem que se meter

Confesso, é até arriscado

Pois Lampiões, eles não deixam de ser

Diga “amém” para o amor dos outros

Seja, ao menos, educado

De qualquer forma, não importa

As Marias Bonitas e os Lampiões

(Separados) Estão casados!

*Cordel de Essência