RELATO DE UM SUICIDA, APÓS SE SUICIDAR

"Setembro Amarelo", campanha que visa a prevenção e combate ao suicídio. Diga não ao suicídio, Para a vida diga sim!

O cordel é literatura

Onde a mente ilumina

É bom para quem aprende

E também pra quem ensina

Poesia popular

Da cultura nordestina

Por isso, caro leitor,

Ouça o que vou relatar

Eu peço vossa atenção

Para o que eu vou contar

O relato de um suicida

Após se suicidar

Ninguém sabe o que acontece

Na mente de um suicida

No momento que ele entra

Em um beco sem saída

Ao ponto de não aguentar

E tirar a própria vida

Um dia, não sei por que,

Não consigo explicar

Viver não tinha sentido

Para mim continuar

A vida tornou-se um fardo

Pesado pra carregar

Isolado e depressivo,

Tinha picos de euforia

Ao tempo em que estava

Triste sem ter alegria

Rapidamente feliz

às vezes amanhecia

Existir já não queria

Ante minha existência

Da vida perdi o gosto

Do viver, perdi a essência

A ideia de morrer

Nasceu lá na consciência

Depois do meu suicídio

Entrei num plano astral

Meu espírito perturbado

de sensação anormal

Observei muita coisa

do lado espiritual

Pude ver a minha mãe

Por ela me apaixonei

Ao vê-la caída em prantos

Não me contive e chorei

Junto com as suas lágrimas

Muitas lágrimas derramei

Vi uma grande tristeza

No seu rosto estampada

Agarrou minha camiseta

Suja de sangue, manchada,

Com minhas fotografias

Ele chorava abraçada

Minha mãe inconsolável

Numa tristeza daquela

Não podia consolá-la

Eu só olhava pra ela

Nessa hora eu pude ver

Tanto amor nos olhos dela

Mesmo com jeito durão

Senti que meu pai me amava

Em meio a tanta tristeza

Soluçando ele falava

Do bom filho que eu era

E do quanto se orgulhava

Cheio de lágrima nos olhos

Meu pai dizia assim:

Era um filho obediente

E tinha orgulho de mim

Não esperava que eu

Tivesse um triste fim

Queria que eu estudasse

E me formasse doutor

Lamentando que podia

Ter me dado mais amor

Esse triste episódio

Lhe causou imensa dor

Papai falava que eu era

a Deus muito apegado

Muito sensível ao próximo

Ao pobre necessitado

Por ele e por minha mãe

Era um filho muito amado

Eu vi meus irmãos na sala

No sofá acomodados

Um consolava o outro

Com olhos lacrimejados

Lembrando da nossa infância

Daqueles tempos passados

Lembrando das muitas vezes

Que brincamos na calçada

Quando a gente se juntava

Pra cantar e dá risada

Da nossa adolescência

A primeira namorada

Amarelo, era o meu gato,

Animal de estimação

Era um gatinho esperto

Comia na minha mão

Ele sempre me esperava

Bem em frente ao portão

Corria logo pra ver

Quando via alguém chegar

Se deitava na entrada

Ficava a me esperar

E desse dia em adiante

Eu jamais irei voltar

Eu vi meus irmãos de fé

Abalados e sofrendo

Por esse gesto extremo

Eu ouvi eles dizendo

Do vazio que eu deixei

Da falta que estou fazendo

Fui de noite ao necrotério

Com meu corpo se encontrar

Uma sensação estranha

Que eu não sei explicar

Fiquei muito incomodado

Com a tristeza do lugar

Vi meu corpo numa maca

Começando a apodrecer

Já em decomposição

Comecei a lhe dizer

Seus desejos, seus projetos

Nunca mais irá viver

Tantos sonhos que você

Nunca mais irá sonhar

Tantos planos, tantas metas,

Não vai mais realizar

Gente para conhecer

Tanto amor para dar

Se isolou da família,

dos amigos, deprimido,

Foi perdendo a esperança

Nada fazia sentido

A vida ficou sem graça

Tudo que tinha vivido

A família, os amigos,

Que te davam muito amor

Jogou tudo para o alto

Pra vida não deu valor

Usasse essa coragem

Pra vencer a sua dor

Graças a Deus que isso

Não passou de uma visão

Se abra com alguém, converse

Peça que lhe estenda a mão

E você vai conseguir

Superar a depressão

Que maravilha, você,

pôde ler isso agora

Pra mudar a sua vida

É chegada a sua hora

Esse mal da depressão

Você vai mandar embora

Não deixe que essa dor

Não te faça enxergar

Que nem tudo está perdido

Pra você desanimar

Com ajuda dos amigos

Você pode superar

Com o apoio da família

A vida volta ao normal

O amadurecimento

na fé espiritual.

E o que não tinha graça

Vai voltar a ser legal

Reencontre uma paixão

As paixões nos fazem ver

Que somos muito importantes

É assim que deve ser

Deus decida o momento

Que deixarás de viver

Alguém venceu por você

Braços abertos na cruz

Terá descanso, conforto,

No coração de Jesus

Saia da escuridão

Que brilhe a sua luz

Jesus levou sobre Si

Todo peso do pecado

Esse fardo doloroso

Por Ele foi carregado

E o último inimigo,

a morte, aniquilado.

Procure ajuda, socorro,

Não precisa dar um fim

Dê uma chance pra você

A vida não é tão ruim

Diga não ao suicídio

Para a vida diga sim

Alexandre de Sousa Costa
Enviado por Alexandre de Sousa Costa em 02/09/2020
Reeditado em 02/09/2020
Código do texto: T7052994
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