O PROMOTOR QUE SE PERFUMOU PARA PRENDER UM SECRETÁRIO
O PROMOTOR QUE SE PERFUMOU
PARA PRENDER UM SECRETÁRIO
Miguezim de Princesa
I
Mandados foram cumpridos
Em duas partes diferentes:
Em casa de gente pobre,
Com um cabo e um tenente,
Na casa de um secretário,
O promotor foi na frente.
II
Para cumprir o mandado
Na casa do figurão,
O promotor se arrumou,
Foi até para o salão,
Fez uma meia cabeleira,
Deixando só o pimpão.
III
Na casa do ladrão pobre,
Quando o tenente chegou,
Deu uma ordem para o cabo,
Que de pronto emburacou,
Tropeçou em um penico,
Chega a coisa se espalhou.
IV
Noutra parte da cidade,
Um homem enfatiotado
Falava muito difícil,
Pensando que era explicado,
E na busca reclamava
Que o pacote era pesado.
V
- Ai, que pacote pesado,
Não é serviço de gente,
Pensei que fosse mais fácil,
Estou morto no sol quente,
Da próxima vez vou chamar
Um delegado e um agente.
VI
Na casa do ladrão pobre,
Começou uma zoada,
Uns 10 meninos chorando,
Uma mulher descabelada
E o cabo botando ordem:
- Cala a boca, Zé Buchada!
VII
O ladrão foi rebocado
Pra dentro do camburão,
Alguém jogou um tijolo
Que passou bem de raspão
No quepe do oficial,
Já no fim da operação.
VIII
Na casa do ladrão rico,
Parou um Alfa Romeu,
O promotor perfumado
Deu um suspiro e gemeu
E disse: - Hoje na imprensa
Quem aparece sou eu!
IX
Quando ele viu a Imprensa,
Foi logo coçando a vista:
Prendi hoje o secretário,
Assessor e motorista;
E esqueceu pra trás a prova
De tanto dar entrevista.