ADEREÇOS - Luiz Poeta Luiz Gilberto de Barros Rio de Janeiro Brasil

ADEREÇOS - Luiz Poeta - Luiz Gilberto de Barros

Quem me olha só de um lado, só conhece o meu avesso,

Observa os adereços, mas não vê meu conteúdo,

Camões era cego de um olho, Bocaje era narigudo,

E eu, magro, feio e barbudo, tenho mais do que mereço.

Se ando roto e mal-vestido, sou boçal e ignorante,

Mas se uso um paletó com gravata borboleta,

quase me pedem gorjeta, mas me chamam de arrogante.,

No fundo, esses difamantes querem me ver na sarjeta.

Nada mudou no Brasil desde os tais desbravadores,

Mas que rufem os tambores diante dos fofoqueiros,

Pois da cítara ao pandeiro, os antigos trovadores

Já cantavam maldizeres sendo exímios cantadores .

Já se davam cambalhotas engraçadas nos salões,

Onde eunucos e bufões divertiam convidados

Ante um rei e uma rainha e alguns nobres fanfarrões,

Puxa-sacos contumazes e falsos... Pobres coitados!

Sou poeta de nascença, da poesia, eu sobrevivo,

vejo seres primitivos sempre tão inconformados

Por não serem lnspirados, tendo o dom inexpressivo

de matar quem está vivo,

Odiando o abençoado.

A inveja é um fecaloide incrustado na garganta

De quem sabe que é uma anta, mas se veste de faisão,

E por não ter vocação, desafina quando canta,

- quem seca pimenta e planta, mata qualquer coração.

Quem não tem o que fazer, é especialista em defeitos,

Age sempre com despeito por quem tem algum valor,

Na falsidade, é doutor, na arrogância tem mestrado,

Mas é sempre um desastrado quando quer falar de amor.

E eu aqui, vendo essa raça mal-amada e mentirosa

Que parece até que goza quando vê alguém cair,

Já nem sei o que sentir, mas rabisco em verso ou prosa

sobre a prática asquerosa de odiar quem quer sorrir.

Às 13h e 35 min do dia 6 de fevereiro de 2020 do Rio de Janeiro - Brasil - Publicado e Registrado no Recanto das Letras -

LUIZ POETA
Enviado por LUIZ POETA em 23/08/2020
Código do texto: T7044106
Classificação de conteúdo: seguro