A DESILUSÃO DE ROSINHA

Vou lhe contar uma história

Que se passou numa cidade

Chamada Boa Esperança

Lugar de paz e tranquilidade

Onde se vivia em segurança

Como em todas as cidades do interior

Havia lá muitas fazendas

Poucas casas nos vilarejos

Engenhos que usavam moendas

E um belo luar sertanejo

Entre as moças do lugar

Só uma roubava a cena

Digna de se admirar

Mais bela do que a flor da açucena

Seu nome era Rosinha

Moça gentil e prendada

Que um sonho só tinha

Um dia ser desposada

01

Com o seu príncipe encantado

Vivia sonhando acordada

Aquele com quem ao seu lado

Viveria a paixão tão sonhada

Os anos iam se passando

E a moça bem comportada

Seguia sempre sonhando

E esperando resignada

Até que um dia a esperança ela viu

De ver se cumprir seu anelo

Pois um dia naquela cidade surgiu

Certo dia um rapaz muito belo

Que descendo da capital

Ali veio passar uma temporada

A serviço de uma estatal

Para cumprir longa jornada.

02

Além de bem afeiçoado

De porte era muito elegante

Andava sempre bem arrumado

Era paquerador e falante

Fazendo uma semana somente

Que alí havia chegado

Aconteceu de repente

Um encontro inesperado

Num Sábado dia de feira

Em meio a um grande movimento

Se deparou com uma morena faceira

Que o deixou boquiaberto e atento

Era a tal moça Rosinha

A mais bonita do lugar

Que todo Sábado alí vinha

Fazer compras e passear

03

Já andei por toda a cidade

Foi dizendo o galanteador

Mas não encontrei na verdade

Alguém com o teu esplendor

A moça tão linda e meiga

Não resistiu a “cantada”

Derreteu-se como manteiga

Facilmente foi conquistada

A linda e doce Rosinha

Era um poço de ingenuidade

Pois pouco contato ela tinha

Com a cultura lá da cidade

Por isso sem questionamento

Se entregou a ardente paixão

Sem refletir sequer um momento

No que poderia resultar esta união

04

O rapaz deveras esperto

Conquistava o seu coração

Com promessas que ela tinha por certo

Ele cumpriria com satisfação

Seis meses haviam se passado

Em meio aquela paixão ardente

Até que um dia, um fato inesperado

Aconteceu de repente

Chegou pedalando ligeiro

Na porta da sua escolinha

Dos correios um mensageiro

Trazendo nas mãos uma cartinha

Tão logo Rosinha a abriu

Ficou desolada e oprimida

Não acreditou no que viu

Era uma carta de despedida

05

Uma carta de palavras tão frias

Quanto as noites geladas de inverno

Mas que cujo teor poderia

Transformar sua vida num inferno

Assim sucedeu a formosa donzela

Pois daquele dia em diante

Um sorriso ninguém mais viu nela

Vivia só muito triste e distante

Logo começou a definhar

Pois perdera o gosto da vida

Não queria se alimentar

Só lamentar a paixão perdida

A mocinha outrora radiante

Que esbanjava graciosidade e vida

Agora vivia um sofrer constante

Por ter sido no amor iludida.

06

Com o passar dos meses

Chegou a beira da morte

Só escapou muitas vezes

Porque Deus lhe proveu melhor sorte

Era de cortar o coração

Seu estado era uma triste cena

Ao ver tão terrível situação

Não havia quem não sentisse pena

Sua família aflita sofria

Já não sabia o que fazer

Pois tentaram tudo que poderia

A Rosinha fazer reerguer

Recorreram ao padre e a rezadeira

Fizeram preces, promessas, novenas

Apelaram até pra padroeira

Mas não se resolveu o problema

07

Até que um certo dia à tardinha

Começou a mudar seu destino

Eis que chegou pra visitar Rosinha

Uma jovem mulher e um menino

Eles moravam na vizinhança

E sabendo daquele infortunio

Vieram ali pra trazer esperança

E uma palavra de testemunho

Bom dia menina Rosinha

Deixe que eu me apresente

Aqui na vila me chamam de Zefinha

E este é o meu filho Clemente

Vim lhe contar minha história

Como Deus mudou a minha sorte

Me livrando da dor e da escória

Estando eu já as portas da morte

08

Foi há dez anos atrás

Sendo eu ainda jovem e formosa

Conheci na cidade um rapaz

Com quem vivi uma paixão fervorosa

Num entanto um fato inesperado

O levou a me abandonar

Por causa de um filho não planejado

Me deixou sem pestanejar

Eu também já vivi este inferno

No amor estive desiludida

Até que um dia o Senhor Deus Eterno

Restaurou toda a minha vida

Através do filho que criei com amor

Jesus Cristo me alcançou

Me tirou da agonia e da dor

E a minha alegria voltou

09

Pois um dia ao chegar da escola

Ao meu leito achegou-se Clemente

Enfiando a mão na sacola

Disse: Mãe, hoje eu ganhei presente

Me mostrou com uma alegria danada

Um livrinho de capa cinzenta

Onde estava escrito com letra dourada

Gideões Internacionais

Salmos e Novo Testamento

Daquele dia pra frente

Tudo foi se modificando

Eu não sabia ler, mas Clemente

Dia-a-dia ia me ensinando

Lia com dedicação

Cada dia um texto diferente

Depois fazia a Deus uma oração

Intercedia em favor dos doentes

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Pra surpresa da vizinhança

Bem depressa eu fui restaurada

Deus honrou a fé da criança

E hoje em cristo estou realizada

E assim se estendeu a prosa

Até que a noite caiu

E Rosinha escutando ansiosa

Nem o passar das horas sentiu

Ao final da visita abençoada

Agradeceu por haverem orado

Se sentindo já um pouco aliviada

Pediu o livrinho emprestado

Vou lhe dar um de presente

Disse a ela contente Zefinha

E no outro dia pelas mãos de Clemente

Enviou uma Bíblia novinha

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Pra surpresa da vizinhança

Bem depressa eu fui restaurada

Deus honrou a fé da criança

E hoje em cristo estou realizada

E assim se estendeu a prosa

Até que a noite caiu

E Rosinha escutando ansiosa

Nem o passar das horas sentiu

Ao final da visita abençoada

Agradeceu por haverem orado

Se sentindo já um pouco aliviada

Pediu o livrinho emprestado

Vou lhe dar um de presente

Disse a ela contente Zefinha

E no outro dia pelas mãos de Clemente

Enviou uma Bíblia novinha

11

Apesar da pouca idade

Pois tinha dez anos somente

Entre os meninos daquela cidade

Se destacava Clemente

Usando ele sua inteligência

E a muita fé que já tinha

Sobre a Bíblia explicou com paciência

Tudo que aprendera a Rosinha

Depois disto não se viram mais

Rosinha porém continuou a leitura

O que lhe trouxe alegria e paz

E a livrou das terríveis agruras

Ja refeita foi pra capital

Respirar ares diferentes

Estudar e perseguir seu ideal

Com o apoio dos seus parentes

12

Foram anos de muita saudade

Longe da sua terra natal

Rosinha com dificuldade

Suportava a vida da capital

Porém a moça esforçada

Venceu a luta e a saudade

E só depois de formada

Retornou para a sua cidade

Formada em veterinária

Voltou profissionalmente madura

Mas ainda era solitária

E sentimentalmente insegura

A desilusão do passado

Marcara o seu coração

Para o amor havia se fechado

Temendo outra decepção

13

Desde que voltou pra cidade

Exercia sua profissão

Cuidava com muita capacidade

Dos animais das fazendas da região

Num dia de forte calor

Sendo a uma delas chamada

Foi recebida pelo administrador

Por quem logo foi cumprimentada.

Bom dia Rosinha

Se é que assim posso lhe chamar

Pelo que vejo não tem lembrança minha

Mas sua mente vou eu refrescar

Te conheci há anos atrás

Ainda em teu leito prostrada

Te levei uma mensagem de paz

Das páginas da bíblia sagrada.

14

Agora me vem vivo a mente

O que o esquecimento retinha

Agora te reconheço, és Clemente

O filho da Dona Zefinha

Sim sou eu mesmo Rosinha

E estou feliz por te ver

Pois muita esperança ainda tinha

De um dia teu destino saber

O meu destino Clemente

Não poderia ser mais ditoso

Cristo mudou a minha mente

E me deu um viver jubiloso

Me deu razão pra viver

Pôs fim ao meu sofrimento

Daquele dia não vou jamais esquecer

Em que Cristo me tirou do tormento

15

O que Rosinha não imaginava

É que além de lhe dar uma nova vida

Deus pra ela também reservava

Um amor para curar sua ferida

Pois daquele dia em diante

Uma bela amizade surgiu

E depois de uma relação radiante

Para um grande amor evoluiu

E assim para a glória de Deus

A esperança foi renovada

A vida a morte venceu

E em Cristo a vitória foi alcançada

FIM

16

JAMES NORMAN
Enviado por JAMES NORMAN em 21/08/2020
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