A DESILUSÃO DE ROSINHA
Vou lhe contar uma história
Que se passou numa cidade
Chamada Boa Esperança
Lugar de paz e tranquilidade
Onde se vivia em segurança
Como em todas as cidades do interior
Havia lá muitas fazendas
Poucas casas nos vilarejos
Engenhos que usavam moendas
E um belo luar sertanejo
Entre as moças do lugar
Só uma roubava a cena
Digna de se admirar
Mais bela do que a flor da açucena
Seu nome era Rosinha
Moça gentil e prendada
Que um sonho só tinha
Um dia ser desposada
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Com o seu príncipe encantado
Vivia sonhando acordada
Aquele com quem ao seu lado
Viveria a paixão tão sonhada
Os anos iam se passando
E a moça bem comportada
Seguia sempre sonhando
E esperando resignada
Até que um dia a esperança ela viu
De ver se cumprir seu anelo
Pois um dia naquela cidade surgiu
Certo dia um rapaz muito belo
Que descendo da capital
Ali veio passar uma temporada
A serviço de uma estatal
Para cumprir longa jornada.
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Além de bem afeiçoado
De porte era muito elegante
Andava sempre bem arrumado
Era paquerador e falante
Fazendo uma semana somente
Que alí havia chegado
Aconteceu de repente
Um encontro inesperado
Num Sábado dia de feira
Em meio a um grande movimento
Se deparou com uma morena faceira
Que o deixou boquiaberto e atento
Era a tal moça Rosinha
A mais bonita do lugar
Que todo Sábado alí vinha
Fazer compras e passear
03
Já andei por toda a cidade
Foi dizendo o galanteador
Mas não encontrei na verdade
Alguém com o teu esplendor
A moça tão linda e meiga
Não resistiu a “cantada”
Derreteu-se como manteiga
Facilmente foi conquistada
A linda e doce Rosinha
Era um poço de ingenuidade
Pois pouco contato ela tinha
Com a cultura lá da cidade
Por isso sem questionamento
Se entregou a ardente paixão
Sem refletir sequer um momento
No que poderia resultar esta união
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O rapaz deveras esperto
Conquistava o seu coração
Com promessas que ela tinha por certo
Ele cumpriria com satisfação
Seis meses haviam se passado
Em meio aquela paixão ardente
Até que um dia, um fato inesperado
Aconteceu de repente
Chegou pedalando ligeiro
Na porta da sua escolinha
Dos correios um mensageiro
Trazendo nas mãos uma cartinha
Tão logo Rosinha a abriu
Ficou desolada e oprimida
Não acreditou no que viu
Era uma carta de despedida
05
Uma carta de palavras tão frias
Quanto as noites geladas de inverno
Mas que cujo teor poderia
Transformar sua vida num inferno
Assim sucedeu a formosa donzela
Pois daquele dia em diante
Um sorriso ninguém mais viu nela
Vivia só muito triste e distante
Logo começou a definhar
Pois perdera o gosto da vida
Não queria se alimentar
Só lamentar a paixão perdida
A mocinha outrora radiante
Que esbanjava graciosidade e vida
Agora vivia um sofrer constante
Por ter sido no amor iludida.
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Com o passar dos meses
Chegou a beira da morte
Só escapou muitas vezes
Porque Deus lhe proveu melhor sorte
Era de cortar o coração
Seu estado era uma triste cena
Ao ver tão terrível situação
Não havia quem não sentisse pena
Sua família aflita sofria
Já não sabia o que fazer
Pois tentaram tudo que poderia
A Rosinha fazer reerguer
Recorreram ao padre e a rezadeira
Fizeram preces, promessas, novenas
Apelaram até pra padroeira
Mas não se resolveu o problema
07
Até que um certo dia à tardinha
Começou a mudar seu destino
Eis que chegou pra visitar Rosinha
Uma jovem mulher e um menino
Eles moravam na vizinhança
E sabendo daquele infortunio
Vieram ali pra trazer esperança
E uma palavra de testemunho
Bom dia menina Rosinha
Deixe que eu me apresente
Aqui na vila me chamam de Zefinha
E este é o meu filho Clemente
Vim lhe contar minha história
Como Deus mudou a minha sorte
Me livrando da dor e da escória
Estando eu já as portas da morte
08
Foi há dez anos atrás
Sendo eu ainda jovem e formosa
Conheci na cidade um rapaz
Com quem vivi uma paixão fervorosa
Num entanto um fato inesperado
O levou a me abandonar
Por causa de um filho não planejado
Me deixou sem pestanejar
Eu também já vivi este inferno
No amor estive desiludida
Até que um dia o Senhor Deus Eterno
Restaurou toda a minha vida
Através do filho que criei com amor
Jesus Cristo me alcançou
Me tirou da agonia e da dor
E a minha alegria voltou
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Pois um dia ao chegar da escola
Ao meu leito achegou-se Clemente
Enfiando a mão na sacola
Disse: Mãe, hoje eu ganhei presente
Me mostrou com uma alegria danada
Um livrinho de capa cinzenta
Onde estava escrito com letra dourada
Gideões Internacionais
Salmos e Novo Testamento
Daquele dia pra frente
Tudo foi se modificando
Eu não sabia ler, mas Clemente
Dia-a-dia ia me ensinando
Lia com dedicação
Cada dia um texto diferente
Depois fazia a Deus uma oração
Intercedia em favor dos doentes
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Pra surpresa da vizinhança
Bem depressa eu fui restaurada
Deus honrou a fé da criança
E hoje em cristo estou realizada
E assim se estendeu a prosa
Até que a noite caiu
E Rosinha escutando ansiosa
Nem o passar das horas sentiu
Ao final da visita abençoada
Agradeceu por haverem orado
Se sentindo já um pouco aliviada
Pediu o livrinho emprestado
Vou lhe dar um de presente
Disse a ela contente Zefinha
E no outro dia pelas mãos de Clemente
Enviou uma Bíblia novinha
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Pra surpresa da vizinhança
Bem depressa eu fui restaurada
Deus honrou a fé da criança
E hoje em cristo estou realizada
E assim se estendeu a prosa
Até que a noite caiu
E Rosinha escutando ansiosa
Nem o passar das horas sentiu
Ao final da visita abençoada
Agradeceu por haverem orado
Se sentindo já um pouco aliviada
Pediu o livrinho emprestado
Vou lhe dar um de presente
Disse a ela contente Zefinha
E no outro dia pelas mãos de Clemente
Enviou uma Bíblia novinha
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Apesar da pouca idade
Pois tinha dez anos somente
Entre os meninos daquela cidade
Se destacava Clemente
Usando ele sua inteligência
E a muita fé que já tinha
Sobre a Bíblia explicou com paciência
Tudo que aprendera a Rosinha
Depois disto não se viram mais
Rosinha porém continuou a leitura
O que lhe trouxe alegria e paz
E a livrou das terríveis agruras
Ja refeita foi pra capital
Respirar ares diferentes
Estudar e perseguir seu ideal
Com o apoio dos seus parentes
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Foram anos de muita saudade
Longe da sua terra natal
Rosinha com dificuldade
Suportava a vida da capital
Porém a moça esforçada
Venceu a luta e a saudade
E só depois de formada
Retornou para a sua cidade
Formada em veterinária
Voltou profissionalmente madura
Mas ainda era solitária
E sentimentalmente insegura
A desilusão do passado
Marcara o seu coração
Para o amor havia se fechado
Temendo outra decepção
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Desde que voltou pra cidade
Exercia sua profissão
Cuidava com muita capacidade
Dos animais das fazendas da região
Num dia de forte calor
Sendo a uma delas chamada
Foi recebida pelo administrador
Por quem logo foi cumprimentada.
Bom dia Rosinha
Se é que assim posso lhe chamar
Pelo que vejo não tem lembrança minha
Mas sua mente vou eu refrescar
Te conheci há anos atrás
Ainda em teu leito prostrada
Te levei uma mensagem de paz
Das páginas da bíblia sagrada.
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Agora me vem vivo a mente
O que o esquecimento retinha
Agora te reconheço, és Clemente
O filho da Dona Zefinha
Sim sou eu mesmo Rosinha
E estou feliz por te ver
Pois muita esperança ainda tinha
De um dia teu destino saber
O meu destino Clemente
Não poderia ser mais ditoso
Cristo mudou a minha mente
E me deu um viver jubiloso
Me deu razão pra viver
Pôs fim ao meu sofrimento
Daquele dia não vou jamais esquecer
Em que Cristo me tirou do tormento
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O que Rosinha não imaginava
É que além de lhe dar uma nova vida
Deus pra ela também reservava
Um amor para curar sua ferida
Pois daquele dia em diante
Uma bela amizade surgiu
E depois de uma relação radiante
Para um grande amor evoluiu
E assim para a glória de Deus
A esperança foi renovada
A vida a morte venceu
E em Cristo a vitória foi alcançada
FIM
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